Igreja Luterana no Vale do Paraíba/SP

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ID: 371

No caminho do perdão

07/10/2011

Contexto do exercício do perdão: a reconciliação.
Texto: 2 Coríntios 5. 18-21

Um dos elementos centrais da nossa fé cristã é a reconciliação. O cristianismo propõe como tarefa o re-encontro e o re-estabelecimento daquilo que foi quebrado e separado pela maldade. O apóstolo Paulo entende seu ministério, e o de toda pessoa cristã, como a participação na missão de Deus de reconciliar. Reconciliar a humanidade com Deus e a humanidade consigo mesma e com o mundo no qual vive. E, essa reconciliação tem seu começo no perdão.
O perdão é algo que se faz voluntariamente, é uma doação da parte ofendida para com a pessoa que ofendeu. Não é algo fácil. É necessário superar a dor, a decepção e a amargura. Também é necessário vencer o desejo de vingança. No fundo, o perdão é uma demonstração de amor. Não perdoar é um intento de manter presa a pessoa que ofende. Então, como pessoas seguidoras de Cristo somos desafiadas a viver nossas vidas sob o perdão. Isso é o que nós oramos em cada culto “e perdoa-nos as nossas dívidas (ofensas), assim como nós também perdoamos aos nossos devedores (aos que nos ofendem)”.
Na sequência veremos algumas considerações acerca do perdão.

1 – Qual é o fundamento do perdão?
Pergunta para discutir: De onde surge o nosso desejo e decisão de perdoar?
Leitura de texto: Mateus 18. 21-35
Comentário
O perdão entre as pessoas não se fundamenta no esquecimento, na cumplicidade e nem na fraqueza. O perdão não é assunto para tolos. Tampouco se baseia na boa vontade, nem na bondade humana. O perdão entre nós se baseia no fato de que Deus nos tem perdoado. O perdão existe porque Deus nos perdoou primeiro. Na verdade, o perdão é uma demonstração de amor. Em lugar de cobrar justiça ou vingança a pessoa decide passar por alto a ofensa, perdoar. Não por desconhecimento da falta, nem porque seja fraca e impotente para poder fazer alguma coisa. Mas, porque opta em imitar a Deus, opta por amar. (Cl 3. 13; Mt 6. 12-15; Mc 11. 25; Lc 6. 37). Então, perdoar e ser perdoado tem a ver não com a nossa boa vontade, desejo e disposição, mas com as orientações da nossa fé.

2 – Para que perdoar?
Pergunta para discutir: Quais são as nossas intenções no perdão? O que esperamos alcançar quando perdoamos alguém?
Leitura de texto: Colossenses 1. 20-22.
Comentário
Foi colocado no início que Deus perdoa para reconciliar a humanidade com Ele e consigo mesma. O perdão é o meio para re-estabelecer uma antiga e boa amizade. Seguindo o exemplo de Deus, nós perdoamos para criar condições, para continuar a vida. Essa é a esperança que motiva o perdoar e ser perdoado. Perdoar é para criar uma nova oportunidade de vida. Assim sendo, o perdão não é para “se mostrar” (olha só como eu sou bom), mas para ser parte da missão de Deus.

3 – Como perdoar?
Pergunta para discutir: Quais são os passos que levam ao perdão? O que é necessário para que haja perdão?
Leitura de texto: Salmo 32. 1-5; 51. 1-4.
Comentário
O primeiro que o perdão exige é reconhecimento da falta. Ninguém perdoa a ninguém se todo o mundo acha que não existe falta nenhuma. O perdão demanda uma consciência da falta ou ofensa. Ele exige clareza do que deve ser perdoado. O perdão sempre será de ofensas concretas e específicas. Um perdão geral é de pouca utilidade. A confissão é o reconhecimento da falta a ser perdoada. O segundo que o perdão exige é o arrependimento. O arrependimento pode ser descrito como o pesar e a angústia pela falta cometida. De nada serve reconhecer a falta se não se sente aflição por ela. Existem muitas pessoas que dizem: Fiz isto ou aquilo, estava errado, mas errar é humano. Isso é uma forma oculta de não aceitar a falta, nem sentir aflição pelo cometido. O arrependimento é demonstração de que a ofensa pesa e não quer ser repetida.
Então, confissão sem arrependimento é um relato cruel. E, arrependimento sem confissão na passa de um mero sentimento. O perdão exige a confissão e o arrependimento como inseparáveis.

4 - Quanto tempo dura o perdão?
Pergunta para discutir: É fácil esquecer uma ofensa, mesmo que perdoada? Por que é difícil esquecer o mal que nos foi feito?
Leitura de texto: Colossenses 2. 13-14.
Comentário
O perdão de Deus dura para sempre. O profeta Miquéias diz que Deus joga todas as nossas ofensas nas profundezas do mar, que ele esquece os nossos pecados. Deus espera que nós façamos como ele fez. Isso significa que o perdoado não pode ser trazido de volta, nem utilizado para pressionar outra pessoa (Por exemplo: Se lembra que eu perdoei você..?). Como o perdão é para criar novas condições de vida, ele não pode durar enquanto seja do meu interesse. Neste sentido devemos reconhecer que nosso perdão deve ser diariamente trabalhado. Nós não conseguimos esquecer, e a nossa tendência é a de utilizar tudo para o nosso proveito, por isso devemos perdoar uma e outra vez mais.
Contudo, às vezes, a lembrança é uma proteção. Tem situações que nos lembram outras já vividas e ficamos alerta. Em qualquer caso será necessário fazer uso do discernimento.

5 - O perdão apaga tudo?
Pergunta para discutir: Será que é verdade que o perdão apaga tudo?
Leitura de texto: Miquéias 7. 18-19.
Comentário
Um dos mitos acerca do perdão é que ele apaga tudo. Na verdade o perdão de Deus apaga a culpa. O perdão entre as pessoas apaga a ofensa. O perdão é uma decisão consciente de amor que opta por passar por cima da ofensa. Não esconde nem ignora a ofensa, mas em lugar de exigir a justiça ou a vingança decide deixar ela de lado (Lc 23. 34).
Entretanto, o perdão nem sempre apaga as consequências das faltas ou das nossas ofensas. As marcas físicas, emocionais e relacionais muitas vezes permanecem por um tempo ou para sempre. (Por exemplo, quem falou o que não devia, mesmo que perdoado, deve enfrentar a mágoa e a tristeza que provocou. Quem bateu, mesmo que perdoado, deve enfrentar o corpo machucado, a dor e a desconfiança que essa falta acarreta.
Outra coisa que o perdão não elimina é a possibilidade da falta ser repetida (Rm 7. 18-20). Durante esta vida somos justos e pecadores. Por isso, enquanto vivermos nesta terra será necessário perdoar e ser perdoado uma e outra vez e sempre de novo.

6 – Todo tempo é tempo de perdão?
Pergunta para discutir: Será que sempre estamos dispostos a perdoar?
Leitura de texto: Mateus 5. 23-26
Comentário
O perdão produz libertação para quem perdoa e para quem é perdoado. O perdão deveria ser dirigido em primeiro lugar para nós mesmos. Na vida somos levados a construir imagens de nós mesmos que não conseguimos cumprir. Nosso perfeccionismo não nos permite aceitar erros. O medo de perder a nossa imagem perante cônjuge, filhos, familiares, amigos, colegas de trabalho não nos deixa reconhecer e aceitar os nossos erros, e nos tornamos implacáveis conosco e com as outras pessoas. A falta de perdão é um muro que isola, que só traz solidão, dor e amargura. O perdão liberta porque leva a reconhecer o que realmente somos. Somos pessoas amadas por Deus e aceitas assim como somos de maneira que podemos ser honestos e autênticos. Desta forma, o perdão para consigo mesmo e o próximo é o início para uma vida com qualidade.
Contudo, devemos fazer uma advertência. Perdoar o próximo não significa deixar que as pessoas façam o que quiserem da gente. O perdão não exclui a misericórdia e a justiça. Quer dizer, o perdão tem como finalidade restabelecer a paz, a harmonia e a saúde. Então, se alguém se aproveita do perdão para voltar a fazer o mesmo temos dois caminhos. O primeiro é o da misericórdia, e se aplica quando a pessoa que foi perdoada não está em condições de aprender, e por isso volta a repetir a ofensa. Por exemplo, uma pessoa dependente do álcool ou da droga não está em condições de fazer diferente do que fez, o que ela precisa é de misericórdia, ignorar a sua ofensa e ajudá-la a sair da sua prisão. Outras pessoas estão cegas pelas suas mágoas e só machucam os que estão na sua volta. Aqui também se necessita de misericórdia, de ajuda.
O segundo caminho, o da justiça, é para aquele que se aproveita do perdão para voltar a fazer o mesmo. Às vezes, a melhor forma de demonstrar a misericórdia é levar a pessoa que ofende a assumir plenamente as consequências das suas ações. Quando uma pessoa, podendo, nega-se a fazer diferente, o melhor é a aplicação da justiça. Deixar que receba aquilo que merece pelas suas palavras e ações. Entretanto, nunca devemos esquecer que estamos chamados a perdoar 70 vezes 7 (Mt 18, 21-22).

Palavras de amarre
Começamos dizendo que o perdão de Deus para conosco é o fundamento de todo o perdão humano. O perdão que existe entre nós é reflexo do perdão de Deus por meio de Jesus Cristo. Isso significa que nós somos meros imitadores do perdão de Deus. E uma imitação pode até ser muito boa, porém nunca deixará de ser uma imitação. Por isso, todo nosso perdão é incompleto. Ele nunca é total e suficiente: a dor da ofensa, o desejo de vingança, as lembranças, a busca de vantagem, e assim por diante, colocam o perdão dado e recebido em perigo. Esta é a razão que o nosso perdão descansa sobre o perdão que Deus fez em Cristo. Que Deus nos ajude na prática do perdão, para que possamos na missão de reconciliação de Deus. Amém.
 


Autor(a): Pedro Puentes Reyes
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Vale do Paraíba (São José dos Campos-SP)
Testamento: Novo / Livro: Coríntios II / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 18 / Versículo Final: 21
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo Bíblico
ID: 9179

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