Um Sermão sobre Mateus 13: O joio e o trigo!

19/07/2020

 

Desde a minha infância sempre gostei de ler e assistir filmes. Sou ligado numa boa história. Aliás, História era a minha disciplina favorita na escola. Na faculdade, as aulas de História da Igreja eram momentos de prazer. Naturalmente na minha vida pastoral, os meus estudos, reflexões e pregações são permeados de histórias, tanto pessoais, quanto da igreja. Também, uso e abuso de parábolas do cotidiano. Algumas vezes já fui questionado: Só conta história! Não concordo. O mais importante é a reflexão bíblica. Mas, a própria Bíblia é a história do povo de Deus. É a história de pessoas com Deus. Além disso, inclusive Jesus fazia questão de recordar antigas histórias judaicas. Também, fazia questão de usar as parábolas do cotidiano. Do mais humilde ao mais letrado, do pequeno ao idoso, todos captavam as palavras do Mestre. Em certas situações, Jesus explicava suas narrativas, noutras deixava o tema solto no ar.

Os evangelhos estão recheados de parábolas. Mateus tem algumas exclusivas, as quais somente ele conseguiu registrar. Por exemplo, em Mateus 13.24-30 encontramos uma narrativa sobre o joio e o trigo. Mas, o que é o joio? Era uma erva daninha que crescia junto ao trigo, sendo muito difícil distinguir. Somente maduro, depois da colheita, poderia ser separado. Havia uma equipe especial composta por mulheres e crianças que cumpriam a tarefa cansativa. O joio só servia de ração às galinhas. Dele, não saía farinha para o pão. Segundo a Lei Romana, era crime jogar sementes de joio na terra de alguém. De antemão, então, deve ser dito que Jesus usa aqui uma linguagem do campo. Provavelmente, muitos a conheciam. “Semear joio” era uma maldade comum, tanto literal, quanto simbolicamente.

Recontando a parábola: Dedicadamente certo agricultor preparou a terra e plantou trigo. À noite, veio um adversário e semeou joio no meio da lavoura. As plantas cresceram. Depois de algum tempo, os empregados trouxeram a notícia ao dono da terra: A lavoura está bonita. Porém, infestada de joio. O dono disse: Mas, como? Eu coloquei só sementes selecionadas. Com certeza, um inimigo deseja me prejudicar. Então, os empregados perguntaram: Devemos arrancar o joio? O agricultor respondeu: Não! Deixe crescer. Na colheita, vamos separar os cachos. Então, o joio será queimado. Depois de algum tempo, os discípulos questionaram Jesus: Afinal o que significa tal história? Jesus disse: O campo é o mundo, onde vivem as pessoas. No coração de alguns, está a boa semente que trago. Tais são os filhos do Reino. No coração de outros, a semente é posta pelo meu inimigo. São os filhos da Maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a colheita. Aqueles que causam escândalo e fazem maldades serão lançados ao fogo. Mas, os que amam a Deus brilharão como o Sol no Reino de Deus. Por fim, termina a explicação com a exclamação que também nos serve: Quem tem ouvidos, ouça (Mateus 13.36-43).

De antemão, nota-se que o agricultor (Jesus) está consciente de que há um adversário que deseja prejudicar sua missão. Todavia, ele não se irrita. Mostrando inclusive certa paciência. Em seguida, ele desaconselha atitudes radicais. Ele diz: Não se precipitem arrancando o ruim, pois afetarão o que é bom. Por isso, deixem vingar junto! No momento, o bom e ruim se misturam. Porém, na colheita serão separados pelos anjos. É assim mesmo! No mundo – e também dentro da Igreja – vive todo tipo de gente. Em alguns corações está o Filho de Deus. Mas, há pessoas com interesses diversos, que não procedem de Deus. Por fim, vale a regra: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.20). A prática do bem é feita por cristãos e não cristãos. Mas, com qual interesse? A pregação da Palavra é feita por mensageiros vocacionadas. Mas, não só. Há muito interesse pessoal. Há pessoas que servem com humildade. Há aqueles que desejam aparecer, buscando o que pertence a este mundo, não ao Reino de Deus. Há todo tipo de religião, seitas e denominações com pensamentos radicais. Precisamos alertar as pessoas, sim. Destruir com uso da força, jamais. Todavia, a principal questão da parábola não é o julgamento, mas sim o Reino de Deus. De fato, Jesus está te perguntando: Quem governa a tua vida? Qual Reino você deseja instalar neste mundo? A quem você serve? Há muita gente disfarçada de cristão. Mas, antes de julgar, é necessário observar a própria vida.

Por isso, sempre de novo precisamos aprender a orar de maneira clara e consciente: Venha o teu Reino! Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu! Fundamental é a entrega diária da vida ao Senhor. Caso contrário, acabo servindo a mim mesmo, que no fim significa, servindo ao inimigo. Antes de julgar a atitude do outro, preciso me acertar com Deus. O Reino é d’Ele. Só Ele fará o julgamento definitivo, no tempo em que Ele bem quiser. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 24 / Versículo Final: 30
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 57875
REDE DE RECURSOS
+
Cantarei de alegria quando tocar hinos a ti, cantarei com todas as minhas forças porque tu me salvaste.
Salmo 71.23
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br