Tem muito morto por aí!

13/05/2020

No pequeno panfleto constavam alguns cursos oferecidos pela prefeitura. Interessei-me pelas aulas de violão. No primeiro dia de aula, o mestre apresentou-se. Em seguida, pediu que nos apresentássemos a alguém que não conhecíamos ainda. Quando me levantei, senti uma mão suave no meu ombro. Olhei para trás e vi uma velhinha sorrindo. Era um sorriso tão meigo que iluminava a sala. Ela disse: Meu nome é Rosa. Já passei dos oitenta. Posso te dar um abraço? É claro que pode. Não resisti em responder e partir ao abraço. Ela me deu um aperto bem forte. Não aguentei e cheio de curiosidade perguntei: Porque você quer mesmo aprender a tocar violão? Ela olhou fixo nos meus olhos e disse: Não! Estou aqui porque quero encontrar um namorado, casar, ter dois filhos, me aposentar e por fim viajar. Sério? De fato, queria saber o que havia motivado aquela velhinha a buscar tal desafio. Ela voltou ao sério dizendo: Sou apaixonada por música! Quero aprender algumas modinhas. Assim, tornamo-nos amigos instantaneamente. Duas vezes por semana teríamos aula juntos. Antes e após as aulas, falávamos sem parar. Eu ficava perplexo em ouvir suas experiências. Rosa era um poço de sabedoria. Ela se tornou um exemplo na Escola de Música. Fazia amigos com facilidade. Vestia-se bem. Estava sempre cheirosa. De todo o jeito, curtindo a vida! No fim do ano, os professores organizaram uma pequena formatura. Rosa foi convidada para falar pelos formandos. Quando subiu ao palanque, deixou cair as folhas. Um pouco embaraçada, pegou o microfone e disse simplesmente: Estou nervosa! Não vou conseguir colocar meus bilhetinhos em ordem. Então, deixem-me apenas falar o que eu lembro: Não existe esse negócio de ficar velho. Existem sim alguns segredinhos para continuarmos sempre jovens. Primeiro, precisamos rir ao ver o lado belo da vida. Não basta alegria. É preciso gratidão pela vida. Segundo, precisamos sempre de novo revisar nossos sonhos. Quando você deixa de sonhar, morre. Tem muito morto caminhando por aí. Terceiro, há uma enorme diferença entre envelhecer e crescer. Se você tem quinze anos e fica deitado na cama em frente à TV, sem fazer nada de produtivo, você apenas envelhece. Se eu ficar só vendo novela e falando dos vizinhos, envelhecerei sem nenhuma satisfação. Serei uma ranzinza. É natural ficar velho. Não exige talento, nem habilidade. É uma consequência natural da vida. A ideia é crescer com as oportunidades, não importando a idade. Isso vem de Deus. Só Ele nos permite ter tal dinâmica. Por fim, noto que o que mata muita gente é o remorso. É o arrependimento por aquilo que se deixa de fazer. É perder as oportunidades que Deus coloca diante da gente. Por isso, hoje eu quero tocar e cantar com vocês. Faço isso graças ao bondoso Deus e aos meus queridos mestres. Muito obrigado!


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 56581
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