Chamados para ser uma bênção!

26/07/2020

 

Você precisa se converter! Quantas e quantas vezes escutei e afirmei esta verdade. Todavia, na jornada da fé, aprendi que a experiência de conversão é única para cada pessoa. Pode até haver semelhanças entre diferentes experiências, mas Deus tem um jeito especial para lidar com cada indivíduo. Basta você parar e pensar na tua experiência de fé. Com certeza foi uma bênção. Contudo, é pouco provável que seja idêntica àquela experimentada pelo seu amigo. Outra verdade: A conversão jamais é estanque. Cada pessoa recordará vários momentos fortes de intimidade com Deus. Haverá também outros tantos momentos não tão intensos, mas valorosos. Na verdade, cada dia é especial em nossa relação com Deus. Por isso, precisamos aprender a orar: Converte-me sempre de novo, Senhor!

Em continuidade, recordo-me da experiência de Pedro, educado dentro das tradições judaicas. Adulto, com família formada e profissional na pesca, conheceu Jesus. Reconheceu nele uma singularidade única: “Tu tens as palavras da vida” (João 6.68). Caminhou três longos anos ao lado do Mestre. Mas, na hora “h”, desavergonhadamente negou-o: “Não o conheço” (Marcos 14.71). Contudo, logo em seguida se deu conta da falha, chorou, passando por uma experiência de reconciliação com Deus. Pedro é a rocha. Ele é a base da primeira comunidade cristã. Mas, não se enganem. Era pessoa com muitas manias. Era um pecador até o último suspiro. Certo é que te teve o privilégio de poucos. Ele andou ao lado de Jesus. Ouviu suas palavras, dia a pós dia.

Experiência diferente teve Paulo, que era homem culto, conhecedor não só da tradição, mas seguidor fiel das leis. Ele julgava falsas doutrinas, condenando os hereges à prisão ou morte. Era crítico aos ensinos de Jesus até o momento em que passou por um encontro pessoal com o Ressuscitado. De perseguidor tornou-se um aplicado seguidor de Jesus. Era um sujeito visionário que percebeu a grandiosidade da mensagem evangélica. Com ele os limites restritos da missão de Pedro ultrapassaram fronteiras, inclusive indo além do Império Romano. Mas, não se enganem, ele também tinha suas manias e limitações. Encrencou-se com Pedro, com outros missionários. Exigiu costumes estranhos à primeira igreja, que estavam presos ao seu tempo. Mesmo assim, foi alguém que recebeu o chamado do próprio Jesus.

Séculos se passaram após os apóstolos originais. Nós estamos sob a palavra dita a Tomé: “Felizes aqueles que não viram e creram” (João 20.29). Nossa experiência de fé vem do testemunho de outros cristãos, da revelação bíblica e das reflexões pessoais diante dos acontecimentos que nos cercam. Felizes são as pessoas cuja percepção as aproxima do Criador. Eu mesmo não consigo imaginar como seria minha vida sem a consciência de quem é Deus e do que Ele deseja à minha vida. Imagino o quanto atordoado e perdido estaria no meio das confusões do nosso mundo. Jesus dá “norte” à minha vida. Diante disso, consigo ter um pouco mais de clareza sobre a palavra bíblica indicada ao fim de semana.

Paulo escreve aos Romanos: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8.28). De repente alguém pode questionar dizendo: Para você – que é pastor - é fácil dizer isso, pois depende da presença de Deus e o serve de maneira concreta até na profissão. Dou graças por isso, mas confesso: Se fosse agricultor ou professor, teria o mesmo empenho na fé. Por isso, paro, observo e penso na minha vida anterior à “conversão”: Era nítida a presença e o encaminhamento que Deus estava me dando. Bastou ouvir, decidir e seguir. Hoje olho ao ministério. Deus continua conduzindo, livrando, apontando novos desafios. Definitivamente, creio no Deus vivo e atuante no meio onde estou. Por Ele fui escolhido. A Ele quero servir, não apenas como pastor, mas como cristão e principalmente “cidadão”. Por isso, independente da profissão ou situação, creio que Deus tem um chamado especial para cada pessoa. A compreensão e o seguimento trazem felicidade à pessoa e bênçãos àqueles que nos cercam.

Creio também que, mesmo que venham outros tempos difíceis como os que vivemos agora, “nada poderá nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus” (Romanos 8.39). Tanto Pedro, quanto Paulo viveram tempos e situações bem mais complicadas do que a gente. Hoje estão na glória. Eles seguiram segundo o chamado recebido: Pescador de gente e apóstolo dos gentios. Graças ao empenho deles, estamos aqui, vivendo nossa fé, enfrentando outros desafios. “O amanhã pertence a Deus” (Provérbios 16.9). O que precisamos é ficar atentos, em cada momento ao nosso chamado, que pode ser tanto a tarefa de uma vida, quanto os pequenos desafios no cotidiano. Basta uma palavra ou uma atitude para você mudar a vida de alguém. Todavia, tudo começa em nosso encontro pessoal com Jesus. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Romanos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 39
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 57998
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