A Campanha


1. (Ver) Viver o Batismo: o mal e o silêncio das pessoas de bem
Toda vez que escutamos o noticiário ficamos com a sensação de que a maldade está tomando conta do nosso mundo. Nesse contexto, é comum chamar de crises as situações que ameaçam a vida digna, como as mudanças climáticas, a destruição do meio ambiente, as autoridades civis irresponsáveis, a falta de segurança, o aumento da violência e da delinquência, além das injustiças socioeconômicas. A isso se soma a crescente falta de referências, determinada especialmente pela falta de compromisso com a verdade e a ética. Está cada vez mais difícil saber o que é verdade. Como diz alguém: “Não se sabe quem regula, quem ameaça e quem julga”. Desta forma, além das adversidades da vida cotidiana, essas crises e instabilidades trazem agitação, confusão e perda de perspectiva de futuro. Por isso, não é exagero dizer que o nosso mundo esteja tomado por certa desesperança.

Em meio a toda essa situação, há quem pense que é possível ficar de fora de toda essa bagunça. Assim, não é raro ver cada vez mais condutas e atitudes de omissão. Consequentemente, o silêncio das pessoas de bem contribui para essa sensação de que o mal está tomando conta do mundo. Perante este silêncio, há quem afirme que os males do mundo não são exclusivamente fruto das pessoas malvadas que há nele. É preciso lembrar que toda pessoa tem a sua parcela de responsabilidade. Ninguém pode dizer: “Eu não tenho nada a ver com isso”. A rigor, a humanidade está sob uma solidariedade que não permite que algumas pessoas cruzem os braços ou se coloquem na posição de julgar. Nem mesmo as pessoas cristãs, fiéis e devotas podem se colocar no papel de Deus para julgar o mundo. Antes, toda pessoa é julgada por Ele. Quer dizer, não há nada que possa eliminar a nossa corresponsabilidade pelos males deste mundo. Se alguém duvidar, pense na dificuldade que temos para produzir os bons frutos que Deus nos pede.

Porque somos parte deste mundo que parece estar sucumbindo à violência, com aumento da corrupção e desigualdade, rogamos a cada domingo o Kyrie – a oração de intercessão pelo fim dos males e pelas dores deste mundo. Estas palavras podem parecer pouco simpáticas e agradáveis, mas são necessárias para trazer à tona a real condição do nosso mundo e do nosso lugar nele. Como pessoas que vivem neste mundo precisamos reconhecer a maldade, mas sem deixar que ela tenha a última palavra.

2. (Julgar) Viver o Batismo: fé cristã e Missão de Deus
Como pessoas cristãs, vivemos no mundo com responsabilidade e criatividade, lutamos contra o mal. Deus nos acompanha e lembra a promessa da sua presença, porque vivemos neste mundo como pessoas batizadas, mas o que significa Batismo para você? Para algumas pessoas, ele não passa de um rito, que aconteceu na infância, sem nenhuma conexão com o dia a dia. Para outras, o Batismo lhes concedeu um vínculo com a comunidade cristã, da qual não se sentem participantes. Para outras pessoas, o Batismo é um acontecimento que traz consequências para toda a vida.

A nossa Teologia luterana ensina que o Batismo é um evento que se situa no centro da vida da pessoa. Pelo Batismo, a pessoa ingressa na comunidade cristã e inicia uma jornada de fé. Isso significa que “Batismo não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Marca o início de uma vivência cristã, de um diário e constante apropriar-se de sua promessa, até a morte” (Livro de Batismo). Resumindo, o Batismo nos coloca no caminho de Deus e marca a existência humana como uma luta diária contra o mal e a favor do bem.

Neste ano, a chamada do Tema da nossa Igreja propõe: “Viver o Batismo”, mas como é possível viver o Batismo no dia a dia? O Batismo não é algo do passado e sim algo que se renova todos os dias. O Batismo acontece uma só vez, mas a sua vivência é diária, é constante. No Batismo, “Deus toma morada na pessoa, através de seu Espírito Santo, e a faz, desse modo, inatingível em seus direitos fundamentais, mas também a desafia, em primeiro lugar, em seus deveres de filha de Deus, de imagem de Deus para com o mundo e a sociedade que ajuda a construir” (Proclamar Libertação, Suplemento 1 – Catecismo). Pelo Batismo, a vida se torna uma oficina em constante trabalho em prol de uma nova pessoa e de um novo mundo. Noutras palavras, no Batismo recebemos perdão, libertação e salvação para vivenciar e transmitir aquilo que recebemos. Pelo Batismo nos tornamos instrumentos do agir de Deus, por isso o Lema do Ano diz: “Eu escolhi vocês para que deem fruto” (João 15.16). A vida cristã é vida em fidelidade a Deus e, justamente por isto, conduzida por aquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama (Filipenses 4.8).

3. (Agir) Viver o Batismo: propostas práticas
A Campanha Nacional de Ofertas para a Missão Vai e Vem abraça o desafio lançado pelo Tema e Lema do Ano em 2020 de Viver o Batismo de forma que produza frutos. Nesse contexto, a Campanha entende que viver o Batismo é abraçar os bens mais preciosos de Deus: o mundo e a vida com toda sua diversidade. O Batismo nos impulsiona e capacita para o exercício do sacerdócio geral de todas as pessoas que creem. Esse Batismo diário e o sacerdócio geral consistem em diariamente se abster de toda espécie de mal e viver a novidade de vida nos âmbitos da pessoa, da família, da comunidade de fé, da sociedade e da Criação. Quer dizer, ser pessoa batizada é ser pessoa engajada, comprometida com a missão de Deus, por isso, quem é batizada e batizado, coloca os seus dons, as suas habilidades e os seus recursos a serviço da Missão de Deus, para produzir frutos de perdão, libertação e salvação. Como diz Martim Lutero no Catecismo Maior: “a vida cristã é simplesmente um Batismo diário, iniciado uma vez e em constante andamento”.

A Campanha Vai e Vem motiva-nos a desenvolver ações missionárias que concretizem a promoção do bem. Para tanto, precisamos desenvolver algumas práticas lá onde vivemos o nosso Batismo e exercemos o nosso sacerdócio:
1. Criar espaços para refletir, estudar e dialogar sobre viver o Batismo e a Missão de Deus. Por exemplo: o que significa viver o Batismo na sua Comunidade? Como viver o Batismo tem oportunizado “frear” o mal e promovido o bem de forma que haja perdão, libertação, salvação e transformação para uma nova vida?
2. Pedir a Deus, em oração, para sustentar o testemunho que surge da vivência do Batismo. Esse testemunho acontece por meio das diversas ações missionárias e diaconais que vão além da nossa Comunidade, Paróquia, Sínodo e Igreja. Quais testemunhos são lembrados nas nossas orações?
3. Promover ações missionárias vinculadas à vivência do Batismo na família, na Comunidade, na sociedade. Para tanto, é necessário realizar um diagnóstico do contexto no qual está inserida a Comunidade. Esse exercício de diagnóstico deve considerar as Metas Missionárias 2019-2024, aprovadas pelo XXXI Concílio, em Curitiba/PR. Elas contêm indicativos para o fortalecimento da ação missionária nos âmbitos nacional, sinodal e local. Após o diagnóstico, tem lugar a elaboração do Planejamento Missionário.
4. Apoiar, mediante oferta, as iniciativas missionárias sinodais e nacionais. A metade dos recursos arrecadados com a Campanha de Ofertas para a Missão Vai e Vem, descontados os investimentos feitos na Campanha, é partilhado entre os Sínodos para Projetos de Missão no seu respectivo âmbito de atuação. A outra metade dá suporte a Projetos Missionários definidos em âmbito nacional. 


AÇÃO CONJUNTA
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Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço.
Martim Lutero
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