Igrejinha centenária guarda surpresas da arquitetura e história de Curitiba

17/03/2020

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‘Igrejinha’ centenária guarda surpresas da arquitetura e história de Curitiba

Por Luan Galani - 27/09/2016

A igrejinha da Inácio Lustosa não acena de longe. Sobrevive há mais de 100 anos de modo discreto, como gostam os descendentes das famílias de alemães, austríacos e suíços que fundaram o templo. Mas nem por um segundo ouse considerar que a construção luterana é como todas as outras de seu tipo. A Igreja de Cristo, oficialmente Christuskirche, no palavrão em alemão, coleciona algumas características incomuns que a tornam uma joia da arquitetura religiosa.A começar pela própria cruz que coroa o alto da igreja. Um tipo de cruz celta, resquício dos tempos pagãos bastante comum nos edifícios religiosos da Irlanda, mas coisa pra lá de rara por aqui. Ninguém sabe explicar o porquê. A fachada vibra com as fortes referências à linguagem gótica, como é o caso dos arcos ogivais das janelas e da porta. Mas a real surpresa ainda está por vir.

Lá dentro, você se depara com o que menos espera encontrar em um templo luterano: imagens. Uma grande pintura de Cristo olhando para Jerusalém. E nas paredes, colunas coloridas e detalhadas pintadas à mão imitando o templo de Salomão. Um primor.

A arte é de Elisabeth Hess e seu esposo, o primeiro pastor daquela comunidade, o alemão de Hamburgo Karl Frank, que liderou a construção da igrejinha em 1912, e fez da construção também uma casa. Repare que logo acima do templo fica a moradia do pastor. “O natural seria ter morada pastoral próxima, talvez ao lado, como nos outros lugares. Mas aqui a casa é exatamente em cima do templo. É atípico no mundo inteiro”, esclarece o pastor Carlos Möller, 63 anos.Analisando o terreno, percebe-se que a solução arquitetônica adotada foi uma escolha genuína de seus construtores, entre eles o suíço Gottlieb Müller que deu vida à fundição Mueller Irmãos, e não resultado de falta de espaço. Afinal, a área tem mais de mil metros quadrados e alguns espaços vazios.

greja-casa-escola-consultórioO templo desafia ainda mais nossas percepções porque extrapolou a atuação meramente religiosa e participou ativamente da vida do bairro São Francisco. Ali nasceu um dos primeiros jardins de infância da cidade. Os bancos ainda conservam os buracos feitos na madeira para segurar os tinteiros.E logo em seguida o local também se transformou em um centro médico que oferecia tratamentos gratuito duas vezes por semana para necessitados e enfermos, como apontam as historiadoras Juliana Reinhardt e Regina Maria Schimmelpfeng no livro “Igreja alemã”. Os louros são todos do médico Joachim Graf. Daí a brincadeira: igreja-casa-escola-consultório.

Centro de música eruditaAo entender que a música é a forma mais elevada de oração, como já havia sentenciado a monja beneditina alemã Hildegard von Bingen no século 12, Lutero e as comunidades luteranas que vieram depois sempre valorizaram o ensino e a prática da música entre suas paredes.Foi o que levou a comunidade a cuidar de um órgão de armário Schiedemeyer produzido pela famosa loja de música curitibana Casa Hertel. “Hoje só existem dois órgãos desse tipo no Brasil”, conta Norton Stadler, presidente da comunidade luterana da igrejinha.

Mas quem põe os tubos para funcionar é a pianista Ingrid Müller Seraphim, 86 anos, luz da cultura local. Seus dedos ligeiros não se deixam intimidar pelo olhar amedrontador do retrato de Bach que decora o instrumento. “Não existe nada a igual a fazer o órgão funcionar, fazer aquele som encher o lugar. É sublime”, confidencia.Coincidência ou não, a acústica da igrejinha é perfeita. Põe no chinelo algumas das maiores construções para concerto da cidade. O que despertou a atenção de Elisabeth Seraphim Prosser, professora de história da música da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, que passou a organizar apresentações no local com diversos músicos da cidade.

s concertos acontecem um sábado por mês sempre às 18 horas. Para receber o programa com datas e horários, envie um e-mail para bettyprosser@gmail.com. E há cultos todos os domingos. Às 9 horas, em alemão e às 10h30, em português.

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