“…..educar não é encher uma vasilha vazia, mas acender uma luz.
Em outras palavras, educar é ensinar a pensar e não apenas ensinar a ter conhecimentos.”
Leonardo Boff
Em abril de 2009 iniciamos mais um Curso Cultivando Agroecologia, em parceria com o Sínodo Uruguai da IECLB, Casa Familiar e diversas entidades da região de Frederico Westphalen/RS. Foram 10 etapas de convívio, troca de ideias e socialização de experiências e no dia 15 de maio de 2010 foi realizada a formatura dos cursistas.
No dia anterior foram apresentados os Projetos de Vida, uma experiência rica e por que não dizer, desafiadora. O que nos foi apresentado mostra que os educandos se sentiram desafiados a participar do processo de mudança.
Com este curso certamente conseguimos acender mais algumas luzes, dar uma outra visão sobre desenvolvimento sustentável. O caminho da agroecologia vale a pena ser percorrido, pois é através da agroecologia que estamos construindo uma nova forma de desenvolvimento para o campo, que tem seu eixo principal a valorização da biodiversidade, no uso sustentável dos recursos locais e na geração participativa do conhecimento.
Os cursistas, a partir de cada realidade, colocaram em exposição os projetos elaborados, fotografias, sementes, mudas e produtos,.... valorizando o trabalho da agricultura familiar, bem como as possibilidades de permanência no campo.
Hoje estamos vivenciando muitas crises... crise econômica, ecológica, energética, alimentar, .. aumentando assim a concentração da riqueza e renda em todo o planeta. Podemos dizer que é uma crise de civilização, colocando em risco a humanidade e precisamos construir sistemas alternativos de produção e de consumo.
A edição 2010 do renomado Relatório “State of the World, Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability, do Worldwatch Institute, publicado no dia 12 de janeiro, traz como principal mensagem que sem uma mudança cultural que coloque valores sustentáveis acima do consumismo, não há milagre tecnológico ou política pública que resgatem a humanidade de graves problemas climáticos, sociais e ambientais. Afirma também que sem uma alteração nos hábitos comportamentais e de consumo de nada adiantarão políticas públicas e avanços tecnológicos no combate ao aquecimento global e a outros desafios contemporâneos.
Nos últimos anos muito tem sido feito para combater as crises, mas para conseguir um avanço duradouro, a sociedade precisa mudar a sua cultura para que a sustentabilidade vire norma e o consumo em excesso um tabu. O padrão cultural é a raiz de diversos problemas ecológicos e sociais: declínio da biodiversidade, perdas das terras cultiváveis, desperdícios de produção,...
Neste relatório consta que as 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo, cerca de 7% da população, são responsáveis por 50% das emissões de gases do efeito estufa, enquanto os três bilhões de pessoas mais pobres emitem apenas 6%. Assim é chamado de consumismo a orientação cultural que leva as pessoas a acharem contentamento, aceitação e significado para as suas vidas através do que possuem e utilizam.
Todos somos desafiados a participar da construção de uma outra economia, as forças da mudança estão em nossas mãos, em nossas comunidades, o que precisamos é nos organizar para recuperar o controle sobre nosso sistema alimentar, onde os principais obstáculos não são técnicos, mas políticos. Assim ao colocar novamente as sementes nas mãos dos agricultores, eliminando os agrotóxicos e fertilizantes químicos e integrando a criação de animais a formas mistas de produção,... teremos alimentos nutritivos, limpos e suficientes para todos.
Após 10 etapas de convívio o caminho está aberto para a realização de novas experiências, sabemos que temos pela frente muitos desafios, mas já existem muitos projetos e experiências que estão sendo desenvolvidas no mundo inteiro. A agroecologia requer conhecimento, criatividade, observação, respeito à diversidade local de cada agroecossistema e ao sistema cultural das pessoas envolvidas, não é possível reproduzir pacotes.
Engenheira Agrônoma Ingrid M. Giesel
Coordenadora CAPA – N. Erexim
