Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Santa Maria de Jetibá

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ID: 125

Tem piedade de nós, Senhor!

Leitura do Salmo 67

15/08/2014

Este salmo inicia de forma surpreendente: “Ó Deus, tem misericórdia de nós!”. Logo no início do salmo vem um grito por misericórdia divina. Acredito que esta é a forma mais bonita de iniciar uma oração. Esta é a forma mais correta de iniciarmos um diálogo com Deus: Tem piedade de nós! Compadece-te de nós! Sê gracioso para conosco! Se não for assim, a nossa busca por comunhão com Deus através da oração pode sofrer um bloqueio.
O próprio Senhor Jesus Cristo ensina isto na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14). Nesta história, contada por Jesus, duas pessoas vão ao templo para orar. O primeiro inicia a sua oração contando vantagens de si mesmo, falando de seus méritos diante de Deus: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”. Este era o fariseu. E este diálogo com Deus não deu certo. O fariseu fracassou na sua oração. O segundo personagem da parábola, o publicano, entrou no templo em atitude de humildade. Ficou lá nos fundos e orou: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”.
Pois é assim que inicia o Salmo 67: “Ó Deus, tem misericórdia de nós!” Nossa oração chega aos ouvidos de Deus quando oramos assim: “Senhor, tem misericórdia de nós!”.
Aliás, é assim que iniciamos todas as celebrações nas comunidades evangélicas de confissão luterana. Qual é a primeira parte da liturgia de entrada do culto? Confissão de pecados. “Perdão, Senhor, perdão!” Talvez muitos perguntam: Por que os cultos sempre iniciam com a confissão de pecados? As partes litúrgicas do culto não poderiam ser invertidas às vezes? Não poderíamos começar com os anúncios ou com as leituras bíblicas? Não. Desta forma corremos o risco de nos transformarmos em” fariseus”. Corremos o risco de fracassar no nosso diálogo ou na nossa busca de comunhão com Deus. As primeiras palavras que temos a dizer a Deus são: Perdão, Senhor, perdão! Tem misericórdia de nós! Tem piedade de nós! Sê gracioso para conosco!
E aqui já está o cerne da doutrina cristã, sabiam? Diante de Deus nada merecemos. Somos todos pecadores que carecem da misericórdia de Deus. Hipócritas são aqueles que se consideram merecedores, que se consideram “os tais” diante de Deus.
Ó Deus, tem misericórdia de nós! Senhor, tem piedade de nós! Kyrie eleison! Esta prece nos lembra outro detalhe importante da nossa fé: Somos carentes do socorro, da ajuda de Deus. Diante das nossas próprias limitações, diante da provisoriedade da vida, diante das tragédias humanas, dependemos da ajuda daquele que fez os céus e a terra, daquele que é o Salvador do mundo, daquele que recria a vida pelo poder o seu Espírito. Por isso, faz parte da liturgia de entrada do culto cristão o Kyrie. Kyrie eleison! Senhor, tem compaixão de nós! É a primeira frase do Salmo 67: Ó Senhor, tem misericórdia de nós! No Kyrie clamamos a Deus, pedindo socorro em meio às tragédias desta vida e em meio às dores deste mundo: “Pelas dores, deste mundo, ó Senhor, imploramos piedade” (Rodolfo Gaede Neto).
E assim entendemos por que a confissão de pecados e o Kyrie estão na primeira parte do culto cristão. É assim que precisa ser. Senão seremos fariseus que iniciam a sua oração falando de méritos próprios, descambando, assim, para o lado da falsa teologia da glória. E, então, Jesus diria: Você saiu do templo pior do que entrou! Você voltou vazio para casa! Por isso, no início do culto, cantamos com Lutero: “A minha força nada faz, sozinho estou perdido!” (Hinos do Povo de Deus 97, estrofe 2).
O fundamento da fé cristã está na bondade, na graça, na piedade e na misericórdia de Deus, e não nos nossos merecimentos. O centro da doutrina cristã está no “Pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). A salvação depende unicamente da fé que acolhe e coloca acima de tudo a graça e a misericórdia de Deus.
Na continuidade do Salmo 67 está a promessa e a certeza de que são a graça e a misericórdia de Deus que vão atrair o mundo todo, os povos todos e todas as pessoas a conhecerem o verdadeiro Deus, a conhecerem a salvação que vem de Deus: O mundo inteiro conhecerá a vontade de Deus. A salvação que vem de Deus será conhecida por todos os povos. Todos os povos vão louvar por causa da misericórdia de Deus. As nações vão se alegrar e cantar porque Deus tem piedade.
A nossa pregação nunca será feita de ameaças e de anúncios do castigo de Deus. A nossa doutrina não é a imposição da fé através do medo, mas sim o anúncio da misericórdia de Deus que desperta fé. Nossa doutrina nunca será no sentido de nos basearmos nos nossos méritos, conquistas, vitórias, prosperidade e glória, mas sim no reconhecimento da nossa carência, no reconhecimento da nossa dependência da misericórdia divina. É isto o que faz de nós uma comunidade que louva e que agradece. A nossa gratidão a Deus não foi imposta por decreto e nem é negociação com Deus, mas é fruto na nossa confiança na misericórdia de Deus.
 


Autor(a): Pastor Valdemar Gaede
Âmbito: IECLB / Sinodo: Espírito Santo a Belém / Paróquia: Santa Maria de Jetibá (ES)
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 29443

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