Igreja e Sociedade



ID: 2797

IECLB se solidariza com religiosos anistiados

02/10/2008

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça decidiu, depois de analisar a documentação, reparar, indenizar e pedir escusas aos 13 religiosos ou pessoas ligadas a instituições eclesiais que sofreram perseguição política, foram presas e torturadas durante o período de exceção no Brasil.

O julgamento dos casos ficou a cargo da 11ª. Caravana da Anistia, realizado na sexta-feira, 26, no Memorial Dom Helder Câmara, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.

Foi muito choro, porque é impossível rever aquele momento histórico sem que venham à lembrança fatos e pessoas queridas que foram presas e que desapareceram, disse a diretora executiva da Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Eliana Bellini Rolemberg, uma das anistiadas. A IECLB é membro da CESE e manifestou sua solidariedade ao resultado e a Eliana Rolemberg que é membro da IECLB, na Comunidade de Salvador/BA.

Ao falar perante a Comissão da 11ª. Caravana da Anistia, Eliana recordou a colega Heleni Guariba, que estava presa com ela na mesma cela, em São Paulo, e que foi torturada e está desaparecida. Lembrou ainda de Paulo Wright, companheiro da Ação Popular, também desaparecido.

A Caravana temática, que analisou os casos de indenização e reparação de religiosos, foi uma convocação da CNBB, do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), da Conferência dos Religiosos, da Comissão de Justiça e Paz, e da Igreja Metodista.

O secretário-geral da Igreja Metodista, bispo Stanley da Silva Moraes, representando o Colégio Episcopal, acompanhou os trabalhos da Comissão de Anistia e pediu perdão ao ex-pastor estadunidense Frederick Birten Morris, mais conhecido por pastor Fred, pela omissão da igreja na época.

Stanley também manifestou solidariedade à diretora da Cese, que, ao ser presa, em fevereiro de 1970, estava em companhia de estudantes metodistas.

Eliana Rolemberg foi levada à Operação Bandeirante, um centro de investigações e tortura montado pelo Exército em São Paulo, em 1969, onde ela foi torturada por 20 dias. Passou dois anos na prisão, período em que seu marido e filha de poucos anos de idade, viveram em Paris, para onde ela se dirigiu assim que foi solta, em novembro de 1971. Só pôde retornar ao Brasil em 1979.

A diretora da CESE teve seqüelas físicas e psicológicas e não voltou a trabalhar na Secretaria de Educação do Estado de Sergipe. Ela foi indenizada e reparada.

Uma reparação econômica jamais supre as seqüelas que ficaram. Dinheiro nenhum paga isso. Muito mais importante foi ouvir o pedido de perdão de parte do Estado, disse Eliana para a ALC.

A Comissão de Anistia fez referência à cartilha de Direitos Humanos, editada pela primeira vez pela Cese em 1973, no período militar, e agora reimpressa pelo Estado, em comemoração aos 60 anos da aprovação dos Direitos Humanos pela ONU. Na apresentação da Cartilha, Eliana conclama à construção de um outro mundo, que não seja mercadoria, sem desigualdades, plural e pacífico.

Os outros anistiados foram o arcebispo emérito da Paraíba, dom Marcelo Carvalheira, o pastor Alanir Cardoso, as irmãs Helena Soares e Helder Dedendo e o pastor Peter Mc Carthy.

O ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, acompanhou o julgamento dos religiosos em Brasília. Ele destacou o caráter ecumênico do evento e disse que é fundamental reconhecer o papel da Igreja, seja ela católica, anglicana ou evangélica, na proteção às pessoas perseguidas durante o período de exceção no Brasil.

Muitos não tinham para onde ir e buscavam abrigo em templos. Esse papel hoje é reconhecido aqui nesse julgamento da Comissão de Anistia, declarou o ministro interino para a Agência Brasil.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, disse que a 11ª Caravana, reunida em Brasília, é um momento histórico. As igrejas sempre foram espaço de proteção dos injustiçados e perseguidos, afirmou.

Apesar dos esforços das Caravanas da Anistia, a sociedade ainda não sabe o destino de 160 presos políticos desaparecidos na década de 70 do século passado, informou Miranda.

A Caravana da Anistia foi criada em abril deste ano e já percorreu várias cidades, analisando casos de jornalistas, estudantes, e de outras categorias, presos e torturados no período de exceção no Brasil. (ALC e Comunicação da IECLB)


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