SÃO LEOPOLDO, 25 de abril (ALC) – O diretor e roteirista do longa-metragem “Anjos do Sol”, Rudi Lagemann, assina acordo com o Ministério da Justiça no dia 18 de maio, em solenidade que terá lugar em Santarém, no Pará, cedendo os direitos de uso do filme para ser apresentado em escolas, associações, igrejas e sindicatos Brasil afora.
A informação é do próprio Lagemann, que participou, dias 21 e 22 de abril, do Dia do Ex-Aluno do Instituto Pré-Teológico, em São Leopoldo, quando apresentou o filme e falou dos bastidores do set de filmagem. O Ministério da Justiça vai prensar cinco mil cópias, que pretende usar em ações de combate e conscientização sobre exploração sexual de crianças e adolescentes.Anjos do Sol relata a história de Maria, uma menina de 12 anos do interior do Nordeste que é vendida pela família para um recrutador de prostitutas. Maria é comprada em leilão de meninas virgens e enviada a um prostíbulo localizado perto de um garimpo, na floresta amazônica. Ela consegue fugir e cruza o Brasil pedindo carona a caminhoneiros. Chega ao Rio de Janeiro, onde se depara mais uma vez com a prostituição.
Lagemann, publicitário de profissão, pesquisa o assunto desde 1988 e construiu a trama partindo das estórias de meninas jogadas na prostituição. Maria foi inspirada numa menina do interior de Pernambuco, apelidada de 50 centavos. Garimpeiros chamam as garotas de programa de “anjinhos”, daí o título do filme, que faz referência também ao país ensolarado, onde essa realidade parece não indignar mais a nação.“O problema da prostituição infantil não acontece somente no litoral, com os gringos que vêm fazer turismo, mas ela está presente também nas cidades do interior”, apontou Lagemann no debate que travou com antigos colegas no dia do ex-aluno do Instituto Pré-Teológico. A exploração sexual de crianças e adolescentes “é uma questão sexista, étnica e racista, porque 95% das meninas nessas condições são negras e mulatas”, afirmou.
Anjos do Sol, definiu o seu diretor e roteirista, quer mobilizar a população para o debate do tema exploração infantil de crianças e adolescentes. Lagemann constata uma “inércia cívica” da população quando esse assunto entra em pauta. Estima-se que 100 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil. Na avaliação de Lagemann, a rede de prostituição infantil no país continua intacta.
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