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Um dia cheio no Fórum

17/01/2004

Um dia cheio no Fórum

Por Luis Stephanou*

Foi uma manhã camponesa, pois a conferência principal era Terra, água e sobrevivência, organizada pela Via Campesina, que neste Fórum ganha ares asiáticos bem consistentes. Antes das explanações houve uma bonita coreografia de abertura, com música, dança e, ao final, arremesso de arroz na platéia.

Rafael Alegria, de Honduras, abriu a conferência e fez um apanhado geral sobre a questão da terra. Um discurso mais contra o de sempre do que a favor de algo. 

Bastante ortodoxo e otimista em relação a Organização Mundial do Comércio (OMC), ALCA etc, Medha Patnan, da Índia, falou sobre a situação dos Vaharis, uma tribo indígena da Índia (desculpem a redundância...). Explicou-nos como a terra e a água são, antes de mais nada, uma fonte de dignidade. Vocês sabiam que na Índia há aproximadamente 40 milhões de pessoas remanescentes de tribos? Impressionante, não?

Maude Barlow, ambientalista canadense que fundou o Planeta Azul, movimento internacional pela proteção da água, disse que as grandes empresas internacionais estão criando uma situação insustentável em relação à água. Ela disse que se deveria garantir que cada cidadão tenha acesso a este recurso, fazer com que a Coca-Cola se retire da Índia, onde se protesta fortemente contra a empresa por uso irracional da água e danos ao meio ambiente, e derrotar os interesses das grandes corporações internacionais. Barlow relembra que na China a recente construção de uma grande hidroelétrica desalojou centenas de milhares de camponeses. Isso me fez lembrar os projetos que apoiamos, na Fundação Luterana de Diaconia, relacionados ao Movimento dos Atingidos pelas Barragens.

Brida Kharat, também da Índia, abordou o tema da segurança alimentar. Destacou a contradição de que o país, mesmo sendo rico, não consegue alimentar toda sua população. E os camponeses, muitas vezes são os que mais passam fome. Brida é uma jovem muito carismática. Fez o resto do seu discurso (o mais longo da manhã) em hindi, para que a platéia, composta por muitos camponeses, pudesse entender. Por conta de problemas técnicos e confusão com os serviços de apoio, ela mesmo se traduziu. Falava de forma entusiasmada, aos berros, em hindi. Depois, já mais pausada e serena, fazia a tradução.

Ainda teve outros palestrantes, incluindo nosso conhecido José Bové. Pois é, ele está por aqui - mas parece que vem passando mais despercebido. Ao menos não escutei nada... Já era 11h30min quando deixei a conferência. 

À tarde participei de uma oficina da Federação Luterana Mundial. Cheguei atrasado! Começava às 13h e, até o momento, esta foi a única atividade que começou no horário... Quando cheguei, Joan Figueros, da Espanha, já havia quase terminado sua exposição e, após, Peter Prove, da Austrália, também fez uma palestra. Sob o titulo Negócios para as pessoas e não pessoas para negócios a oficina abordou o tema do comércio justo e solidário. Na parte que consegui pegar, e subtraindo o que não foi possível entender, o palestrante falou sobre a importância do crédito, em especial micro crédito solidário. As questões relacionadas à construção de marcas, comercialização, fabricação dos produtos ou organização de serviços tiveram menos destaque. 

Além do atraso, outro fator atrapalhou mais ainda o entendimento da oficina: da sala ao lado, que tinha equipamento de microfone (a nossa não tinha) vinha uma discussão bem acalorada. Em certo momento a discussão extrapolou e... se transformou em cantoria! Uma das músicas acabava com um longo gemido tipo aaaaiiiiiiii (pelo menos um minuto!). Como vocês podem ver, o relato da sala ao lado está melhor do que o da oficina da qual participei. 

Hora de parar. Alguns vão se perguntar como a oficina do lado poderia atrapalhar tanto o que ocorria na nossa sala. Mais adiante vocês vão saber, pois falarei sobre o espaço do Fórum. O itálico em sala já dá uma dica...

*Assessor programático da Fundação Luterana de Diaconia

A fé exalta a pessoa e transporta-a para junto de Deus, de tal modo que Deus e o coração humano tornam-se uma só realidade.
Martim Lutero
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