Expectativas em relação ao Fórum Social Mundial

Por Luis Stephanou*

Ainda não chegamos em Mumbai. Faltam mais dez horas de Frankfurt, local onde agora estamos. Aproveito a parada de sete horas para colher as impressões de algumas pessoas que compartilham o mesmo vôo sobre expectativas para o Fórum Social Mundial de 2004.

O prefeito de Porto Alegre (RS), João Verle, entende que a mudança de local, depois de três anos, vai colaborar na mudança da agenda do Fórum, com uma participação maior dos asiáticos e de temas que não estavam muito presentes nas edições anteriores. Talvez haja um prejuízo em termos de organização, uma vez que Porto Alegre já adquiriu uma boa experiência para preparar um encontro deste porte, diz. 

Já Fátima Nascimento, da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese), se mostra um pouco apavorada com a notícia de que há 75 mil pessoas inscritas. Isso significa que virão muito mais, pois sempre há um bom número que não se inscreve, avalia. Ela não pretende freqüentar debates que já encontra no Brasil, tais como a ALCA; mais interessante é ver como os movimentos sociais do outro lado do mundo vêem o mundo. 

Rui Bernhard, pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), se recorda das dificuldades que encontrou no último fórum, em Porto Alegre. Talvez neste seja ainda mais difícil localizar eventos e chegar nas atividades, pensa. Rui deve concentrar sua participação nas atividades ecumênicas. 

Marcelo Terça-Nada é um jovem artista plástico de Belo Horizonte (MG). É sua primeira viagem para fora do país e seu entusiasmo contagia a todos. Está muito curioso com as diferenças que vai encontrar no Fórum, em Mumbai e na Índia. Se pergunta como irá funcionar o FSM numa cidade conservadora, governada por partidos de direita.

E a minha expectativa?

Bom, é semelhante ao que todos de uma forma ou outra apontaram. Nos eventos anteriores nós éramos o cotidiano (tudo em nossa volta era reconhecível) e quem vinha de fora era o exótico. Agora, invertem-se os papéis. Acho fascinante essa possibilidade de aprender num lugar no qual em cada esquina saltará uma novidade na minha cara.

De coração, agradeço essa oportunidade. Nos próximos dias, estarei fazendo os primeiros comentários de Mumbai.

*Assessor programático da Fundação Luterana de Diaconia