Mãe Teresa de Calcutá (1910-1996)

A mulher que serviu aos que estavam com sede

01/03/2010

A menina Agnes Bojakhiu, mais tarde de nome “Irmã Teresa”, nasceu na Yugoslávia. Seus pais eram colonos. Quando Agnes era moça houve na Igreja Católica um chamamento para a missão. Ela, então, decidiu dedicar-se à missão, como irmã de uma ordem missionária.

Irmãos da Congregação dos Jesuítas, de origem iugoslava, na época, viviam na Índia e relataram as suas experiências em cartas. Um deles se correspondia acerca de sua atividade com pessoas conhecidas na Iugoslávia. Assim, Teresa familiarizou-se com a situação na região de Calcutá e, cada vez mais, sentiu vontade de fazer missão na Índia.

Ela foi aconselhada a entrar na Ordem das Irmãs de Loreto, que tinham a sua sede em Dublin e mantinha casas na Índia. Agnes, então, foi para a Irlanda, estudou inglês e, como Irmã Teresa – o nome recebido na congregação – em 1929, foi mandada, como noviça, para Darjeeling, no norte da Índia, na região do Himalaia.

Depois de dois anos como noviça, ela fez os votos de freira e, durante vários anos, trabalhou como professora de Geografia e História numa escola para meninas de Bangladesh. Mais tarde, foi diretora deste colégio e de uma outra instituição que formava professoras para o ensino fundamental.

As Irmãs de Loreto, com 2 internatos e 6 colégios, faziam um trabalho excelente, em especial, na área da educação. Na região trabalhavam, também, irmãos da Congregação Mariana. Através do trabalho que estes irmãos faziam, Teresa ficou conhecendo a situação dos pobres na cidade e nos arredores de Calcutá. Teresa se deu conta que o trabalho das Irmãs de Loreto dirigia-se à classe média e que não atingia os pobres. Ela conta: “Em 10 de setembro de 1946, numa viagem para a casa das Irmãs de Loreto, nas montanhas do Himalaia, fui chamada por Deus. Eu devia sair da Congregação e viver, trabalhando entre os pobres.”

O Arcebispo da região, um homem com muita fé em Deus, compreendeu que Deus chamara Teresa. Ela saiu da Ordem das Irmãs de Loreto, para fazer um trabalho independente. A despedida, para Teresa, não foi fácil. Ela disse, mais tarde, que foi mais difícil do que quando deixou a sua família na Yugoslávia.

A fim de preparar-se para a nova tarefa ela, primeiramente, fez um dos cursos para enfermeiras e parteiras que as Irmãs do Hospital em Patna mantinham. A Superiora, Irmã Dengels, ensinou Teresa que, mesmo querendo viver com os pobres e como os pobres, a alimentação para quem trabalhava, não podia ser só arroz e sal. Vivendo assim, não havia resistência física contra a tuberculose. Teresa aprendeu essa lição e, mais tarde, sempre cuidava da alimentação das suas companheiras, às vezes até obrigando-as a comer, mesmo não tendo vontade.

Teresa começou a sua obra em 1948, enquanto morava no Asilo das Pequenas Irmãs. Ela abriu uma escolinha numa pequena choupana de pau-a-pique, quando 35 crianças aprendiam com ela o alfabeto e como se lavar e pentear. Depois, através de contatos com o Padre Exem, um jesuíta da Bélgica, conseguiu ficar no segundo e terceiro andar de uma casa de família. Lá, ela começou a formar o primeiro grupo de irmãs. O mesmo padre a ajudou para elaborar as regras da nova congregação, que foi aceita por Roma, em outubro de 1950, com o nome: “Missionárias do Amor ao Próximo”.

A obra teve um rápido crescimento. Conforme as necessidades, Mãe Teresa criava os mais diversos asilos, creches, abrigos para crianças abandonadas, asilos para pessoas à beira do morte, para leprosos, para jovens desempregados e escolinhas para o ensino religioso. Ela, vendo uma necessidade, agia logo. Nunca gostava de criar comissões e fazer reuniões. Depois de participar, na Europa, de uma reunião de lideranças de conventos, ela desabafou depois do encontro: “Eu me senti como um peixe fora da água!”

Testemunhos destacam como características de Mãe Teresa, a fé, a grande confiança em Deus, a sua compaixão com os que sofriam, a sua capacidade de sentir-se dirigida por Deus, a sua humildade, atribuindo todo êxito unicamente a Deus, a importância que ela atribuía à oração, a maneira de ser sempre ativa, a sua criatividade e, acima de tudo, a sua vontade de levar pessoas para Cristo.

Depois de 25 anos de atividades, a Ordem mantinha 80 filiais com irmãs e noviças nos mais diversos lugares do mundo: Índia, Itália, Jordânia, Austrália, Yemem, Filipinas, África, Venezuela e outros. Cada filial era responsável por seus abrigos, asilos etc. Quando alguém perguntava, por que na América do Sul o crescimento era meio lento, ela explicava que via o problema no seguinte: os padres mais jovens queriam unir os ensinamentos de Jesus com os de Karl Marx e além disso, muitas vezes, acentuavam demais o bem-estar econômico e a justiça social, deixando de lado o essencial: o afastamento dos homens de Deus por causa dos seus pecados, a confissão dos pecados e a esperança da vida eterna.

Mãe Teresa não se poupou. Conseguia viver com poucas horas de sono e viveu, realmente, como os pobres. Em palestras e cartas, sempre explicava de novo: “Nós não somos assistentes sociais, professoras, enfermeiras ou médicas; nós somos Irmãs da Ordem. Servindo aos pobres, servimos a Jesus. Quando consolamos os pobres, os abandonados, os doentes, os órfãos e os moribundos, cuidamos de Jesus, damos-lhe comida, vestimo-lo; visitamo-lo e consolamo-lo. Tudo que fazemos: a nossa oração, o nosso trabalho e os nossos sofrimentos, realizamos e carregamos para Jesus. A nossa vida não tem outro sentido e não tem outra motivação. Durante as 24 horas do dia eu sirvo a Jesus. O que eu faço, eu faço para ele. E ele me dá força para isso. Eu amo a ele, quando amo os pobres; através dele, eu os amo. Sempre o Senhor está em primeiro lugar. Quando vem um visitante, eu o levo primeiro para a Capela, para ele orar e cumprimentar o dono da casa. Jesus está aqui e estamos trabalhando para ele...Sem ele não podemos fazer o que fazemos. Talvez poderíamos trabalhar sem Jesus, durante um ou dois anos, mas não durante uma vida inteira. Nós vivemos para Jesus.”

Em todas as casas de “Missionárias do Amor ao Próximo” encontram-se, na parede, as palavras que Jesus disse na cruz: “Tenho sede”.


Autor(a): Isolde Mohr Frank
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Da nuvem de testemunhas / Ano: 2007
Natureza do Texto: Artigo
ID: 11563
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É isto que significa reconhecer Deus de forma apropriada: apreendê-lo não pelo seu poder ou por sua sabedoria, mas pela bondade e pelo amor. Então, a fé e a confiança podem subsistir e, então, a pessoa é verdadeiramente renascida em Deus.
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