IECLB e Serviço Interconfessional de Aconselhamento - SICA


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Serviço Interconfessional de Aconselhamento - SICA - Uma obra de amor

15/06/1999

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Serviço Interconfessional de Aconselhamento SICA — Uma obra de amor

Otto Gustavo Otto

Retrospecto do Movimento Ecumênico

O Serviço Interconfessional de Aconselhamento — SICA surgiu dentro de um contexto ecumênico mundial. O movimento ecumênico teve significativo prenúncio quando, ao receber poderoso estímulo face às duas guerras mundiais, que abalaram a consciência, em 1910, realizou-se a Conferência de Edinburgo, a partir da qual deu-se a criação do Conselho Mundial de Igrejas — CMI, em 1948, em Amsterdã, composto inicialmente, ao longo das primeiras décadas, por evangélicos e ortodoxos orientais. Novo impulso, da mais alta importância, foi o anúncio do Concílio Vaticano II, em 1959, bem como a instalação do Secretariado para a União dos Cristãos, pelo papa João XXII, em 1960, com convite às outras igrejas para enviarem observadores. Estava mais aberto o caminho que vem sendo percorrido por católicos, ortodoxos e evangélicos, na busca da unidade dos cristãos. 

No Brasil, por sua vez, foi criado o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, em 1982, quando cinco igrejas se associaram em união fraterna: a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igreja Reformada do Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Metodista. Posteriormente ingressaram também a Igreja Ortodoxa Siriana do Brasil e a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.

Fundação do SICA 

Em princípios da década de 60, conversações entre o pastor Bertholdo Weber e o padre Frederico Karl Laufer, em torno de se criar uma entidade ecumênica de prestação de serviço conjunto tomaram maior vulto, chegando às autoridades maiores da Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e Igreja Metodista. Resultou daí a formação de uma comissão mista para tratar do assunto, constituída dos seguintes representantes: Dom Ivo Lorscheiter, Sr. Willy Fuchs, Dom Egmond Machado Krischke e Bispo José Pedro Pinheiro. 

Esta comissão tomou várias iniciativas, inclusive a elaboração do Estatuto e do Regimento, bem como a constituição do primeiro Conselho Diretor de uma nova entidade, em 22 de agosto de 1969, que se denominou Serviço Interconfessional de Aconselhamento — SICA, instituição ecumênica, de valor pastoral e social, como uma obra de amor na cidade de Porto Alegre. 

Administração e finalidades 

O Estatuto do SICA estabelece que sua administração é feita por um Conselho Diretor, formado por seis representantes da Igreja Católica Apostólica Romana e dois representantes de cada uma das demais integrantes ou seus suplentes, por elas credenciados, com mandato de dois anos, a contar da data de sua posse, com possibilidades de renovação deste mandato. 

Sua manutenção é feita com quotas mensais de contribuições das igrejas integrantes e dos Amigos do SICA, podendo receber doações, legados, subvenções ou rendas patrimoniais. 

Esta instituição tem por fim proporcionar às pessoas que o solicitem orientação e encaminhamento no campo religioso, moral, familiar, profissional, econômico, social e de saúde, sem discriminação religiosa, política ou social; testemunhar o espírito ecumênico dos cristãos mediante fraterna cooperação das igrejas; agir junto aos responsáveis sobre as estruturas para que sejam eliminadas ou atenuadas as causas dos problemas. 

O SICA não tem fins lucrativos. É entidade reconhecida de Utilidade Pública Estadual e Federal. 

Aconselhamento é finalidade maior 

A principal atividade tem sido o aconselhamento que é feito por pessoas que se dispõem a trabalhar voluntariamente, sem remuneração, baseadas no espírito e no amor de Cristo. Os aconselhantes são recebidos mediante recomendação escrita de suas respectivas igrejas, comparecendo perante a Comissão de Entrevista, para efeito de sua aprovação. Devem ter em mente realizar o trabalho de ajuda aos outros de maneira responsável e eficaz, assim expressando o testemunho cristão de servir, tendo como motivação central a pessoa e a obra de Jesus Cristo que andou por toda a parte fazendo o bem (Atos 10.38). Tem-se percebido que, quando a ciência encontra limites para solucionar problemas, a fé cristã sempre surge para acompanhar as pessoas nos mais profundos abismos de sua existência, oferecendo esperança e sentido de vida, com uma atitude profundamente solidária e ética. A entidade é, assim, uma fonte de esperança, compaixão e coragem, mesmo quando as limitações da ciência e a habilidade humana já não encontram caminhos viáveis para aliviar as tribulações que as pessoas enfrentam. 

Os aconselhantes constituem um grupo que mantém uma média de 25 voluntários, tendo atualmente número um pouco maior. Eles oferecem horas de plantão. Os aconselhantes têm reuniões mensais para informações, troca de experiências, palestras e estudos sob a direção do (a) coordenador (a) do grupo. Periodicamente, realizam-se reuniões maiores, como celebrações e seminários, juntamente com os conselheiros, conselheiras, funcionários e funcionárias. 

Em março de 1999, foi introduzido o aconselhamento por telefone, com aparelho móvel, sem fio, podendo ser atendido em qualquer uma das saletas de atendimento. Está sendo utilizado por pessoas que o prefiram ou que, por algum motivo, não podem comparecer à sede do SICA. Os aconselhantes receberam a necessária instrução fundamental que vem sendo renovada e aprofundada paulatinamente. 

Espírito e ação ecumênica 

O espírito ecumênico de todos quantos participam do trabalho do SICA também é cultivado e aprimorado constantemente. Um de seus fundadores, o pastor Bertholdo Weber, desde o início, enfatizou esta característica da instituição. Vale destacar esta sua afirmação:

¨O SICA é fruto do diálogo e da vivência de cristãos de confissões diversas, empenhados na busca de uma comunhão mais profunda, conforme a oração do próprio Senhor: 'Pai, quero que todos sejam um... para que o mundo creia' (João 17). Buscando esta unidade que já nos é dada em Cristo, descobrimos em nossa jornada cristãos de outras confissões, irmãos em Cristo, e somos envolvidos, juntos, em tarefas comuns.¨

O padre Frederico Karl Laufer, outro de seus fundadores, como já foi dito, também, muitas vezes, manifestou-se sobre o espírito ecumênico desta obra, quando, entre outras expressões, afirmou que os anos de existência do SICA ¨foram uma escola e um cenáculo de união em Cristo, motivo que nos enche de alegria e gratidão a Deus¨. 

Da mesma forma, o primeiro presidente da instituição, Dom Ivo Lorscheiter, também destaca sua índole ecumênica quando escreveu:

¨Desejar e promover a unidade de todos os cristãos é tarefa não só de alguns iluminados e generosos carismáticos, mas sim de todos quantos crêem no Senhor Jesus. O Cristo não pode estar dividido nem dividir-nos. Sua Palavra, seu Batismo, sua Eucaristia e seu Espírito trazem dentro de si o dinamismo da verdadeira comunhão. Superado já o remoto tempo das dolorosas acusações recíprocas e ultrapassados os recentes momentos de fácil euforia, devem agora todas as igrejas cristãs empenhar-se num sereno, mas decidido, esforço ecumênico: permanente luta contra o pecado; valorização do que já existe em comum; aplicação do sábio: 'unidade nas coisas necessárias, liberdade nas coisas duvidosas, caridade em todas as coisas'. Por isso, é fácil descobrir o valor ecumênico do SICA, um dos poucos serviços interconfessionais existentes entre nós. Nos abençoados anos do seu funcionamento, ele não só trouxe auxílio moral a muitas pessoas, mas produziu também uma salutar aproximação entre as Igrejas mantenedoras, além de ser uma permanente e eloquente conclamação ecumênica.¨ 

O SICA tem orientado e participado de celebrações ecumênicas em igrejas e escolas, bem como seminários abertos sobre ecumenismo, além da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, organizando concentrações ecumênicas em determinados templos das igrejas mantenedoras, neste caso como representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs — CONIC, em Porto Alegre. 

Campo social 

Sobre o campo social, por sua vez, onde o SICA também assume compromissos, o pastor Bertholdo Weber expressa-se afirmando:

¨O SICA é uma obra a serviço do povo, do homem todo e de todos os homens, visando sua promoção e sua libertação integral e sua integração na vida comunitária e social. O amor cristão, de Deus e do próximo não pode separar-se da justiça, porque o amor implica exigência absoluta de justiça e do reconhecimento da dignidade e dos direitos do próximo. Por isto, é coerente que o SICA também tem por objetivo agir junto aos responsáveis e sobre as estruturas, no sentido de serem eliminadas ou atenuadas as causas dos problemas como consta de seus fins''. 

Sede própria Agora, em sua sede própria, inaugurada em março de 1998, ocupando cerca de metade do sexto andar do edifício Tannhauser, na Praça Rui Barbosa, 220, centro de Porto Alegre, o SICA tem acomodações mais apropriadas, como recepção, quatro saletas de aconselhamento, sala de reuniões maiores, gabinete da Secretaria Executiva, copa e outras dependências. Neste local também é cedido espaço para a representação estadual do Conselho Mundial de Igrejas Cristãs — CONIC/RS realizar suas reuniões e colaboração na sua infra-estrutura. 

Sonho e realidade É altamente estimulante registrar-se que aquele sonho inicial do pastor Bertholdo Weber e do padre Frederico Karl Laufer cristaliza-se, hoje, numa auspiciosa, significativa e benfazeja realidade, pelo que elevamos a Deus, fonte de todo o bem, nossa gratidão, nosso louvor e oramos com o Salmista: Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus e confirme o Senhor, sobre nós, a obra de nossas mãos (Salmo 90.17). 

Entre as expressões de alegria e gratidão a Deus pela celebração do 80° aniversário do pastor Weber, igualmente registramos o reconhecimento e a apreciação do SICA por sua preciosa vida e úteis realizações, que também se entendem e se verificam em outras áreas e em outras entidades.
Por tudo, bendizemos ao Senhor, Deus Eterno, que sempre o tem dirigido e certamente sempre o abençoará. 

Otto Gustavo Otto
Presidente

(Publicado originalmente em:  A Serviço da Vida. Em homenagem a Bertholdo Weber pela passagem de seu 80o. aniversário.Escola Superior de Teologia, 1999.)
 

Nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte nem a vida; nem o presente nem o futuro.
Romanos 8.38
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