O sapo Saul vivia no brejo da Felicidade. Catando moscas, gabava-se que ninguém era tão ágil, afinal comia tantas e tantas moscas por dia. Também ninguém coaxava tão alto. Ao longe se ouvia sua voz rouca, mas afinada. Verdade é que, naquelas bandas, só o jacaré tinha boca maior. Mas, diferente do sapo, era bem discreto. Saul leva uma vida tranquila até o dia em que chegou aos seus ouvidos a triste noticia de que estavam drenando o brejo. Em breve ali seria construído um condomínio de luxo. O que vou fazer? Pensou. Sou tão feliz aqui. Todos me conhecem. Todos me respeitam. Por algumas semanas, ele ficou bem incomodado. Dia a dia percebia uma movimentação estranha na região. Era gente de capacete. Caminhões indo e vindo. Certa manhã, fazendo-se de zonzo, disse ao amigo Bem-te-vi: Estou pensando em me mudar? Esse brejo já não é tão calmo como antigamente. Você poderia me dar uma sugestão? A ave, que conhecia toda a região, sugeriu um pequeno lago no meio da praça. É bem localizado... Há muitos insetos... É área de proteção ambiental... Saul ficou bem interessado. Todavia, o local ficava alguns quilômetros do brejo. Como vou chegar lá? Minhas pernas são curtas. Sou bonitão, mas estou um pouco fora do peso. Pensou, pensou, pensou... Até que teve uma esplêndida ideia. Fez amizade com a garça, à qual pediu que o levasse até a praça. A garça respondeu que era impossível, pois suas pernas não dariam conta do recado. Mas, sugeriu que Saul conversasse com o gavião. Ele o ajudaria. O sapo só disse: Você está louca! Assim saio do brejo e acabo na pança do espertalhão. Mas, insistiu com a garça: Percebi que você carrega muitos gravetos para o ninho. Se, porventura, você e seu companheiro carregassem um graveto, no qual eu poderia me agarrar... Acho que iria funcionar como meio de transporte. As garças acharam uma boa ideia e concordaram em realizar a aventura. Todavia, na hora “h” os bracinhos de Saul não deram conta do recado. Mas, na eminência do projeto ir água abaixo, disse rapidamente: Vou morder o graveto! E, já se atracou. As garças se ajustaram, esforçaram-se e levantaram voo. Uma cena pra lá de surreal... Duas garças, um graveto e um sapo pendurado. Mas, funcionou... Até que, lá pelas tantas... Sobrevoando a vila... Um vira-lata viu no céu aquela cena e gritou: Caramba! Quem teve essa ideia genial? O soberbo Saul teve a infeliz ideia de responder... Leia Tiago 4.6.
