Com tantas notícias ruins, há motivos para jubilar?
Sim, porque, agora, são outros 500!
O povo capixaba já se acostumou com notícias negativas nos últimos anos. Primeiro, foi a enchente, em 2013. Depois, foi a lama do Rio Doce, em 2015. No meio disso, a seca e a estiagem prolongada por três anos. Em 2016, veio o surto da Febre Amarela. No começou de 2017, pensei: Agora deve vir uma notícia boa. Chega de notícias ruins! Eis que, no primeiro fim de semana de fevereiro, um movimento de familiares de Policiais Militares do Espírito Santo pararia o efetivo da corporação e começaria o caos na Segurança Pública no Estado, causando uma disseminação da violência sem precedentes.
Fato é que a sociedade ainda não aprendeu a viver sem ser vigiada pela Polícia. Sem tê-la por perto, perdem-se os valores da boa convivência, do respeito ao próximo, da paz entre as pessoas, da honestidade. A sociedade ‘esquece’ que não pode roubar, matar, saquear, atravessar em sinal vermelho, estacionar em local proibido...
Como se tudo isso não bastasse, nesta época o Governo Federal estava preparando um pacote de medidas de Reforma Trabalhista e Reforma da Previdência que pesará, mais uma vez, sobre os ombros das pessoas trabalhadores de todo o país, em especial de Agricultores e Agricultoras.
Neste cenário, pensei novamente: Com tantas notícias ruins, quais são os motivos para jubilar? Quais são os motivos para celebrar e se alegrar? Respondo: Motivos é que não faltam! Em meio à angústia e à dor, entre o desespero e a desesperança, destaco três motivos para jubilar, alegrar, comemorar: o nosso compromisso com a Casa Comum, o aproveitamento de águas pluviais e de arcondicionado e a Pastoral da Consolação!
Casa Comum
A Assembleia Sinodal de 2016 do Sínodo Espírito Santo a Belém (SESB) foi marcada pela preocupação e pelo estudo do tema Casa Comum: nossa responsabilidade, conduzido por representantes do Movimento Casa Comum, que teve origem na Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. Pensar em Casa Comum é pensar no cuidado com o mundo em que vivemos e partilhamos. O ar, a água e a comida, essenciais para a vida, vêm da natureza e não são infinitos.
A seca no Espírito Santo nunca havia sido tão longa e intensa. Diversas localidades estão em processo de desertificação. Parte do problema é local, pelo nosso comportamento, mas parte é mundial, pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas.
Para reverter essa situação, é necessário muito trabalho e tempo. É necessário mudar a forma como lidamos com a natureza. Não basta plantar uma árvore. Precisamos mudar pensamentos e atitudes em relação a como lidamos com a natureza!
Aproveitamento
O aproveitamento de águas pluviais e a reutilização de águas domésticas é um bom exemplo da prática da sustentabilidade. É isso que algumas Comunidades estão implementando. A primeira Comunidade a aproveitar as águas pluviais foi Vila Velha. Uma cisterna com capacidade de 30 mil litros aproveita a água das chuvas de dois grandes telhados: da Igreja e da quadra de esportes. Desde 2015, a Comunidade não precisa mais usar água tratada para lavar calçadas, limpar a Igreja e molhar o jardim.
Também estão neste caminho a Comunidade de Vitória, a Comunidade de Vila Valério e o próprio Sínodo, que, no início de 2017, canalizou as águas que saem dos aparelhos de ar-condicionado do prédio para um reservatório de 600 litros, proporcionando o reaproveitamento de água para limpeza.
Pastoral da Consolação
A Pastoral da Consolação é um projeto de parceria entre o Albergue Martim Lutero e o Sínodo Espírito Santo a Belém. Diariamente, carros de Prefeituras e particulares se deslocam para a região metropolitana de Vitória levando pessoas em tratamento médico. Estima-se que 40 pessoas luteranas circulam semanalmente nos 25 hospitais da região metropolitana. O objetivo desta pastoral é visitar e acompanhar pastoralmente estes membros internados e seus familiares.
A Missão de Deus também se concretiza no cuidado com as pessoas. Com isso, queremos chamar atenção para a beleza da mensagem de Jesus e da sua proposta de vida, mesmo quando a distância da família e a doença se fazem presentes, estimular a vivência da fé na perspectiva pessoal, familiar e comunitária, criando uma conexão com sua Comunidade de origem, procurar traduzir o significado da fé cristã para a atualidade e nos empenhar na promoção da dignidade humana.
P. Joaninho Borchardt | Pastor Sinodal do Sínodo Espírito Santo a Belém