Jornal Evangélico Luterano

Ano 2017 | número 802

Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Porto Alegre / RS - 05:45

Sínodos

O que queremos como Igreja Luterana nestas terras?

Ao celebrarmos os 500 anos da Reforma Luterana, celebramos também os 20 anos da fundação do Sínodo da Amazônia. No entanto, a presença de pessoas luteranas nestas terras amazônicas remonta a 1967. Então, estamos celebrando 50 anos de presença da IECLB nestas terras mais ao norte deste nosso imenso Brasil.

Esta, contudo, não foi apenas uma história de doutrinas e dogmas, mas uma história de gente que deixou as suas terras em busca de um pedaço de chão para dele tirar o sustento para a sua família. Entre as poucas coisas materiais que couberam na bagagem, estava a sua Bíblia. No coração, além das esperanças e dos sonhos de dias melhores, estavam a fé, as convicções da Reforma Luterana e o jeito de ser Igreja vivido nos Estados da Região Sul do Brasil e no Espírito Santo. 

Nas palavras do Presidente do Sínodo, Ademar Eggert, confirmamos esta história: Vim do norte capixaba, onde comecei o meu trabalho com 18 anos. Sempre estive mos envolvidos nos trabalhos da Comunidade e da Paróquia. Vim para Rondônia em 1990, quando, de imediato, ocupei-me com a Comunidade, a Paróquia e o Sínodo. Hoje, com 55 anos, estou no cargo de Presidente da Diretoria do Conselho Sinodal.

É motivo de júbilo saber que essa Igreja, que veio no coração da sua gente migrante, soube ser voz profética, denunciou injustiças e anunciou o cuidado com a terra e com aqueles povos que já habitavam a Amazônia antes da sua chegada. Em 2017, serão 35 anos de trabalho e serviço amoroso em defesa de direitos e promoção de diálogos interculturais e inter-religiosos prestados pelo Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin) nestas terras.

Somos agradecidos pelas inúmeras iniciativas de cuidado do solo e de agricultura e pecuária sustentáveis. Muitos investimentos feitos com a ajuda de Igrejas irmãs na Alemanha visavam à conservação do solo e à proteção dos direitos de pequenos Agricultores e suas famílias. Iniciativas de apoio à educação resultaram na construção de escolas. Somos gratos por nossas Igrejas e templos construídos por corações solidários que enviaram recursos para que pudéssemos congregar, orar e ouvir o Evangelho.

Palavras de gratidão precisam ser ditas a Ministros, Ministras, leigos e leigas que, ao longo deste tempo, colocaram as suas vidas e os seus dons a serviço do Evangelho e das pessoas. Sobretudo, agradecemos às pessoas que passaram por aqui nos primeiros tempos, enfrentando as condições precárias das estradas, a falta de energia elétrica, as doenças, como febre amarela e malária, além de tantos outros perigos. Sem estes gestos de amor solidário, não seria possível construir esta parte da IECLB neste chão amazônico.

Muito nos alegra saber que se trata de uma história de ousadia, fé, coragem, medo, alegrias e aflições, vitórias e derrotas. História verdadeira, com personagens reais. Homens, mulheres, jovens e crianças, enfim, gente que ousou acreditar na esperança e no trabalho. Gente que venceu as adversidades e deitou no solo desta floresta a semente de uma Igreja que cresceu e, hoje, abriga em seus galhos milhares de famílias espalhadas nestas enormes distâncias amazônicas. Uma Igreja que, hoje, abriga, à sua sombra, cidades e municípios que cresceram com as mesmas esperanças de dias melhores e fartura.

Como toda a história, a nossa também teve as suas páginas que gostaríamos de poder reescrever. Nas palavras da Secretária do Sínodo da Amazônia, Roseli Vicente Amorim: Não temos a mesma coragem de Lutero em desafiar as imposições da sociedade e assumir verdadeiramente a nossa doutrina. O Presidente do Sínodo complementa: Falhamos por trazer conosco o egoísmo e a ganância e ao colaborar para a destruição daquilo que Deus criou. Precisamos de reformas mentais e observar que não é de expansão que precisamos, mas, sim, de amor, respeito pela Criação de Deus e todas as suas criaturas.

Precisamos pedir perdão a este pedaço da Criação de Deus pela maneira pouco responsável como lidamos com os seus recursos naturais. Precisamos pedir perdão aos nossos irmãos e às nossas irmãs indígenas por esta entrada em suas terras e agradecer que eles e elas nos tenham deixado compartilhar dos dons desta floresta. Talvez pudéssemos ter reproduzido menos o modelo de Igreja trazido do sul e ter buscado uma presença culturalmente mais engajada e comprometida.

Pastora Sinodal Dimuht Marize Bauchspiess | Sínodo da Amazônia

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