Deus encarnado em Jesus Cristo
Em Cristo, Deus sai de si mesmo. Deus é, portanto, o primeiro missionário. Ele vai ao encontro do outro, da sua criatura. Deus se esvazia, torna-se frágil e pequeno em Jesus Cristo, a fim de estar junto daquilo que é seu. Igreja que segue os passos de Jesus, por sua vez, não pode buscar para si condição diferente da que viveu o seu Senhor.
Igreja que, como seguidora de Cristo, não toma a sua cruz sobre si, não vive segundo o esvaziamento divino em Cristo, sucumbe à tentação de compreender a Missão como manutenção institucional e como crescimento numérico de seus fiéis. Igreja que não se esvazia, torna-se refém do desejo por dominar as pessoas que lhe são confiadas e do desejo por subtrair-lhes a liberdade cristã concedida em Cristo. Igreja Missionária, que carrega a sua cruz em seguimento ao Cristo crucificado, é, por conseguinte, Igreja que não define a sua própria Missão. A tarefa que lhe é confiada e à qual é enviada é ‘definida pelo outro, isto é, pela enfermidade, pelo pecado, pela injustiça, pela morte’.
A IECLB se compreende, portanto, como instrumento desse Deus apaixonado, que sofre com a angústia, a fraqueza e a necessidade não apenas humana, mas de todas as criaturas. A todas as pessoas, Deus faz pregar o Evangelho, de modo que Igreja de Jesus Cristo é, em sua essência, Igreja Evangelística: que anuncia a Boa Notícia em Cristo, perdão, vida e salvação, na linguagem do Catecismo Menor.
Evangelização é serviço contínuo da Igreja. Proclamação evangelística condizente com o Evangelho concede ao ouvinte a liberdade de escolha, bem sabendo que a fé não é obra humana, mas dom do Espírito de Deus. Evangelização somente pode ter esperança de frutificar quando e onde se der em um espaço de acolhimento por parte da Comunidade em relação a pessoas de fora que com ela entram em contato.
Recorte de texto O futuro de nossas Igrejas: o desafio missionário, fundamentado na Teologia Luterana
P. Dr. Martin Timóteo Dietz | Cátedra Contextual de Lutero, na Faculdades EST