Amar e incluir: ações que perpassam a ECC
Segundo o Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC), a Bíblia indica parâmetros e princípios éticos essenciais para a educação baseada no agir educativo de Deus. Esse agir tem na ação de Jesus o seu maior exemplo. A leitura de Marcos 10.46-52 nos ensina que Jesus ouviu o cego que clamava, o chamou e o escutou. Deu a ele uma oportunidade. Essa atitude causou estranheza aos discípulos – ela fica clara após a cura, pois as pessoas estavam acostumadas a ver o cego pedindo esmolas e viam isso com certa naturalidade.
Mais que falar, Jesus praticou o amor. Este é o sentido de incluir, oportunizar, permitir que a pessoa com ou sem deficiência viva. Todos os Mandamentos convergem para a prática do amor. Então, por que temos que ainda falar e lutar tanto para que a inclusão aconteça de fato? Seria o ideal de uma perfeição? A propósito, o que se entende por ‘perfeito’?
António Gedeão (Poesias Completas, 1956-1967) nos diz que não há duas folhas iguais em toda a Criação ou nervura a menos ou célula a mais, não há, de certeza, duas folhas iguais. Há ser humano igual? Se somos filhos e filhas de Deus, se somos imagem e semelhança de Deus, logo somos todos perfeitos e todas perfeitas do jeito que somos. Diferença não é deficiência, mas, uma condição que o indivíduo apresenta de forma permanente ou momentânea.
O diferente, por vezes, se torna ameaça, pois contraria aquilo que deferimos como ‘padrão’ e ‘normal’. Nesse sentido, a Psicóloga Ligia Assumpção Amaral explica que a deficiência gera estranheza, desorganiza, mobiliza, implica sair do esperado, provoca a hegemonia da dimensão emocional sobre a racional. Assim, a inclusão requer que ampliemos a nossa capacidade de entender e reconhecer a outra pessoa como tal e isso se dá a partir da abertura e da convivência com pessoas diferentes de nós.
Que tal abrir mais o nosso coração e a nossa mente para a inclusão? Que tal deixarmos que o amor prevaleça sobre os nossos preconceitos e costumes? Que tal deixarmos de nos preocupar com as diferenças e passarmos a nos ocupar com as potencialidades que cada ser apresenta? Somos pessoas únicas! Não podemos esquecer que somos seres humanos e cada um possui a sua especificidade e as suas limitações. Conviver com as diferenças é conviver conosco mesmo.
Se praticarmos o amor em sua essência e plenitude, a inclusão acontecerá naturalmente, porque as pessoas veem as aparências, mas Deus vê o coração, conforme 1Sm 16.7b. Como Igreja Cristã, fundamentada no amor de Deus, temos toda a chance para desenvolver uma educação cristã que, de forma contínua, desafie a praticar o amor.
Iliane Roeder | Mestranda em Educação Comunitária e Psicopedagoga na Secretaria de Educação de Rio Negrinho/SC