Missão com Mulheres


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ID: 2674

Carta final do encontro ‘Mulheres: Direitos e justiça - Compromisso Ecumênico’

20/11/2016

 

Nós, mulheres das igrejas Sirian Ortodoxa de Antioquia, Presbiteriana Unida do Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Católica Apostólica Romana e Aliança de Batistas do Brasil de movimentos sociais e organismos ecumênicos, entre os quais: Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo,Movimento de Mulheres Camponesas, Coordenadoria Ecumênica de Serviço, Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria, Fundação Luterana de Diaconia, PROFEC, Centro de Estudos e Resgate da Cultura Cigana, Rede Ecumênica da Juventude, Centro de Estudos Bíblicos, reunidas no Encontro “Mulheres – direitos e justiça: um compromisso ecumênico”, em São Paulo, nos dias 17 a 20 de novembro de 2016, promovido pelo CONIC, com o apoio do Dia Mundial de Oração e do Movimento Lado a Lado, identificamos, na atual conjuntura política e religiosa do Brasil, graves retrocessos no que se refere aos direitos humanos, em especial das mulheres.

A violência contra a presidenta Dilma Rousseff legitimou e aprofundou a violência contra as mulheres. Um dos primeiros atos do governo atual foi a extinção do Ministério dos Direitos Humanos, Mulheres e Igualdade Racial. Identificamos papel ativo de algumas lideranças religiosas de diferentes Igrejas e parlamentares assumidamente religiosos nesse processo de desmonte do Estado Democrático de Direito, num claro desrespeito à Constituição Federal de 1988, que garante a separação entre Estado e religião.O discurso religioso fundamentalista esvazia a democracia e instaura a simbiose entre os fundamentalismos financeiro e religioso. Faz parte dessa simbiose a aliança judiciária-midiática.

O desmonte do estado de bem-estar social está alicerçado na concepção de que qualquer política pública é um gasto desnecessário. Portanto, a vida das pessoas pobres é descartável. É isso o que pretende a PEC 55/2016.

Para justificar a eliminação das políticas públicas são fabricados novos medos e novos demônios, entre os quais, a ameaça do movimento feminista e LGBT, materializada através do temor da perspectiva de gênero; o racismo, que além do ódio contra as pessoas negras e indígenas, manifesta-se também como intolerância religiosa; a xenofobia contra pessoas imigrantes e refugiadas.

Foi nessa conjuntura que resgatamos a história das mulheres no movimento ecumênico latino-americano. Constatamos que os registros sobre a presença das mulheres no movimento ecumênico são frágeis e, muitas vezes, inexistentes. Diagnosticamos a invisibilização da produção teológica das mulheres. Ficou evidente, que na última década, ocorreram retrocessos nas diferentes igrejas, entre eles: o clericalismo; violências religiosas contra as minorias; ausência de profecias; fortalecimento de pregações afirmadoras da submissão e obediência das mulheres, perseguição e silenciamento de mulheres leigas e ordenadas comprometidas com a Teologia Feminista.

A presença de Glória Ulloa, presidenta para a América Latina do Conselho Mundial de Igrejas que se posicionou afirmando que a violência contra as mulheres é pecado nos fortalece e nos anima para a caminhada de um ecumenismo de direitos e justiça.

Motivadas pelo Programa Peregrinação por Justiça e Paz do CMI nós, mulheres participantes desse Encontro, conclamamos as Igrejas a se comprometerem com ações concretas em favor de uma democracia plural, dialógica e garantidora de políticas públicas para todas as pessoas.

Conclamamos também o Conselho Mundial de Igrejas a se posicionar sobre a ruptura democrática ocorrida em nosso país, fortalecendo a voz profética das Igrejas e organismos ecumênicos que não silenciam frente ao desmonte do Estado Democrático de Direito.

A ruptura da democracia, o desmonte do Estado Democrático de Direito, através da PEC 55/2016 impõe a lógica de enriquecimento das pessoas mais ricas e exclusão das mais pobres. No entanto, nós mulheres ecumênicas, queremos viver a partir do programa de Lc 1.51b-53, que afirma: “ dispersa as pessoas soberbas, derruba as poderosas, eleva as humildes, enche de bens as famintas e despede as ricas de mãos vazias”.

Em sororidade dizemos: Deus da Vida, conduze-nos à justiça e à paz.

São Paulo, 20 de novembro de 2016. 


Âmbito: IECLB
Área: Ecumene
Área: Missão / Nível: Missão - Mulheres
Natureza do Texto: Manifestação
Perfil do Texto: Ecumene
ID: 40619

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