Missão com Jovens



ID: 2751

Autorretrato de Martim Lutero

19/01/2017

 

Lado PALAVRA

AUTORRETRATO DE MARTIM LUTERO

Pastor Albérico Baeske

Nós, os evangélicos luteranos e as evangélicas luteranas, não cremos em Martim Lutero, mas em Jesus Cristo. Não fomos batizados e batizadas em nome de Martim Lutero, mas em nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Dificilmente alguém outro disse isto, tantas vezes e com tanta clareza, quanto o próprio Lutero:

“Em primeiro lugar, peço omitir meu nome e não se chamar de luterano, mas cristão. Que é Lutero? A doutrina não é minha. Tampouco fui crucificado em favor de alguém. Em 1 Coríntios 3.4-5, Paulo não quer que cristãos se chamem de paulinos ou petrinos, mas cristãos. Que pretensão seria essa de um miserável e fedorento saco de vermes como eu, se quisesse que os filhos de Cristo fossem chamados por meu desastrado nome?

Que não seja assim, amigo. Vamos extirpar as siglas partidárias e nos chamar de cristãos, de quem temos a doutrina. Os papistas apropriadamente têm nome de partido. Já que querem ser papistas, que sejam do papa, que é seu mestre. De minha parte, não sou nem quero ser mestre de ninguém. Junto com a comunidade, comungo da única universal doutrina de Cristo, que é nosso Mestre exclusivo, Mateus 23.8” (OS 6, 481.6-18).

Por isso jamais declaramos Martim Lutero infalível. Sempre medimos tudo o que ele falou e praticou com a palavra e a ação de Jesus Cristo, asseguradas no testemunho dos apóstolos e evangelistas.

Afinal, quem é Martim Lutero? Ele mesmo se expressou assim:

“Nós, porém, não inventamos uma pregação nova, e, sim, trouxemos novamente à tona a mesma antiga comprovada doutrina dos apóstolos. Assim também não inventamos um novo Batismo, Sacramento, Pai-Nosso, Credo. Não queremos saber de nada de novo na Cristandade nem tolerá-lo, mas lutamos exclusivamente pelo velho (que Cristo e os apóstolos nos legaram e nos deram), e a ele nos atemos. O que fizemos foi o seguinte: visto que constatamos que tudo isso havia obscurecido pelo papa por meio de sua doutrina humana, sim, porque o havia velado com uma grossa camada de pó e teias de aranha e toda sorte de excrementos de bicharia, tendo-o inclusive lançado e pisado na lama, nós o trouxemos novamente à tona pela graça de Deus, o limpamos dessa imundice, podendo agora cada qual enxergar o que é o Evangelho, Batismo, Sacramento, Ceia do Senhor, Poder das Chaves, oração, o que Cristo nos legou, e como se deve fazer uso salutar deles.” (WA 46, 62.67-63.2).

Daí chamamos Martim Lutero de faxineiro da Igreja. Justamente nisso ele é seguidor de Jesus Cristo (cf. Marcos 11.15-18).

Na medida em que notamos que Martim Lutero na sua pregação e prática está em conformidade com Jesus Cristo, testemunhando pela Bíblia, vale o que Lutero formulou da seguinte maneira:

“É verdade! Por amor de tudo que é sagrado, jamais digas: eu sou luterano ou papista, pois nenhum deles morreu por ti nem é teu mestre, e, sim, somente Cristo. Por isso deves confessar-te cristão. Mas se és da opinião de que a doutrina de Lutero é evangélica e a do papa antievangélica, não deves rebaixar tanto o Lutero, senão também rebaixas sua doutrina, que, afinal, reconheces como doutrina de Cristo. Mas deverás dizer: quer o Lutero seja um safado ou um santo – isso não me importa. Sua doutrina, porém, não é sua, e, sim, do próprio Cristo, pois vês que os tiranos perseguem essa causa não para matar o Lutero, e, sim, querem exterminar a doutrina. É por causa da doutrina que te atacam e te perguntam se és luterano. Aqui, na verdade, não deves falar com palavras toscas, e, sim, confessar francamente a Cristo, não importando se foi Lutero, Claus ou Jorge que o pregou. Deixa a pessoa de lado, mas confessa a doutrina. Assim também escreve São Paulo a Timóteo em 2 Timóteo 1.8: ‘Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, encarcerado por amor do dele’. Se tivesse sido suficiente que Timóteo confessasse o Evangelho, Paulo não lhe teria ordenado que também não se envergonhasse dele, não da pessoa da Paulo, e, sim do encarcerado por amor do Evangelho. Se agora Timóteo tivesse dito: Não sou partidário nem de Paulo nem de Pedro, mas atenho-me a Cristo, sabendo, não obstante, que Pedro e Paulo ensinam a Cristo, teria negado com isso o próprio Cristo. Pois Cristo diz em Mateus 10.40 a respeito dos que o pregam: Quem vos recebe a mim me recebe e quem vos despreza a mim me despreza, Lucas 10.16. Por que isso? Porque tratam desse modo seus mensageiros (que trazem sua palavra), e isso é como se tivessem sido tratadas assim suas palavras.” (WA 10/II, 40.5-29).

Quer saber mais?

ALTMANN, Walter. Lutero, afinal, o que quis? In: DREHER, Martin Norberto (apr. e org.) Reflexões em torno de Lutero volume 1. São Leopoldo. Sinodal, 1981. 123p. p.9-27.

BAESKE, Alberico. Martim Lutero: Pecador, mas Evangelista de Cristo. In: Id. Ibid. volume II. Ibid., 1984. 168p. p.19-28.

DREHER, Martin Norberto. Aspectos Humanos na Vida de Lutero. In: Id. Ibid. volume III. Ibid., 1988. 154p. p.9-28.

MEYER, Harding. A Obra de Lutero. In: ISERLOH, Erwin e MEYER, Harding. Lutero e Luteranismo Hoje. Petrópolis: Vozes, 1969. 111p. p.23-43.


Este estudo teve a linguagem revista e atualizada. A proposta integra o volume 3 da Coleção Palavração denominado “Graça e Fé: temperos para a vida”, publicado em 2003 pelo Departamento Nacional para Assuntos da Juventude da IECLB – DNAJ, sob a coordenação de Cláudio Giovani Becker e impresso por Contexto Gráfica e Editora (ISBN 85-89000-14-1).


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