Diaconia - A fé ativa pelo amor



ID: 2660

O idoso no século XXI

06/06/2008

Uma vida longa é a recompensa das pessoas honestas; os seus cabelos brancos são uma coroa de glória” (Pv 16.31)

Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente” (I Tm 5.8).

Em recente viagem de estudos à Alemanha, contemplados que fomos com uma Bolsa de Estudos em 2007, minha esposa e eu nos ocupamos durante 3 meses com o fascinante assunto IDOSOS. Visitamos em torno de 20 Instituições ou Trabalhos com idosos, de sul a norte. Participamos também do “Dia da Igreja” (Kirchentag), em Colônia, onde foram trazidas novidades, reflexões e palestras sobre o tema .

De início já ficamos impressionados com o grande número de velhinhos/as. A estatística confirma: na Alemanha são mais de 30%, (em torno de 30 milhões de idosos) encaminhando-se para 40%. Em comparação ao Brasil, que conta com 10% de idosos (cerca de 18 milhões), pudemos logo entender por que tanto trabalho direcionado aos idosos. Manter e construir cada vez mais Casas de Idosos, ou mesmo moradias comunitárias para idosos – onde os mesmos podem contar com alguns serviços que facilitam a sua vida – é uma necessidade crescente na Alemanha. Estima-se que em 2050 os idosos representem 50% da população.

Uma questão crítica, que já motiva a procurar por soluções, é a seguinte: Até que ponto haverá dinheiro para financiar, em tal escala crescente, o trabalho de cuidado aos idosos alemães? O sistema é caro e tende a se tornar insustentável, de acordo com depoimento de alguns diretores de Instituições. Como tornar o sistema viável, menos oneroso? Esta e outras questões desafiam a criatividade de todos os envolvidos com o cuidado aos idosos.

O sistema operacional de uma Casa de Idosos, seja tradicional ou mais moderno, é sempre o mesmo. Os residentes são distribuídos em alas, em função dos cuidados que exigem. Há a possibilidade de idosos virem simplesmente morar na Casa (alugam um quarto/apartamento). Os idosos internados, que carecem de cuidados, desde o grau mínimo até mais especializados e constantes, são distribuídos em suas respectivas alas, podendo transitar livremente. Já os portadores de demência costumam ficar numa ala segura (isolada), devido ao seu estado de saúde mental.

O sistema de custeio de um idoso não foi tão fácil de entender. Primeiro, a questão médica: O médico da família atende em caso de doença e é pago pelo “Seguro-Saúde” do Governo. Segundo, a questão assistência: Para cada idoso internado o “Seguro-Assistência” do Governo paga em torno da metade dos custos. O custo de um idoso internado começa com $ 1.500 euros e vai até $ 3.000 euros. A princípio ninguém fica desassistido por questões financeiras.

O número de internados nas Casas visitadas variou de 30 a 600, excluídas as duas maiores instituições da Alemanha: HEPHATA, com cerca de 3 mil assistidos; BETHEL, uma “cidade” de deficientes e idosos. As Casas de Idosos prestam assistência não somente a internados, mas oferecem também um trabalho bem abrangente, como cuidar e auxiliar idosos em suas residências. Os custos são carregados, em parte, pelo “Seguro-Assistência” do Governo. Este trabalho ambulante foi concebido para aliviar as listas de espera nas Casas de Idosos, bem como para baratear o custeio. O idoso é incentivado a adiar ao máximo a internação numa Casa, o que deve ocorrer só depois dos 80 anos.

É oferecida a possibilidade ao idoso vir almoçar com os internos, para ter companhia e, aos poucos, se acostumar com a idéia de um dia morar ali. Em torno de 50% do quadro de pessoal de uma casa, por exigência da Lei, precisa ter formação técnica (diploma). A Casa precisa ter em média um funcionário para cada 2 internados. Em algumas Instituições visitadas constatamos a participação de colaboradores voluntários.

Na maior Instituição diacônica da Alemanha – BETHEL – um diácono aposentado nos falou da evolução do conceito básico de assistência ao idoso. Do conceito de “atendimento centrado na função”, se evoluiu para o atual conceito de “assistência centrada na pessoa”, o que vem destacar a valorização da dignidade da pessoa idosa. O conceito anterior se preocupava mais com a qualidade do serviço prestado. Hoje, o foco é a qualidade de vida do idoso. O que importa é que os idosos sejam saudáveis e felizes.

No contato direto com diretores/as das Casas e Instituições pudemos também compartilhar dos avanços com relação ao tema IDOSOS no Brasil, como a conquista que representa a aprovação do Estatuto do Idoso (LEI Federal nº 10.741, de 2003). Tudo o que nos foi propiciado ver e entender na Alemanha, com relação ao tema IDOSOS, serviu para um crescimento e enriquecimento pessoal. Sentimo-nos mais preparados e animados a colaborar e atuar nesta área da Diaconia na IECLB e na Comunidade de Juiz de Fora/MG.

Por fim, trazemos para sua reflexão, um caso que não escapou à nossa percepção, quanto ao tratamento humanitário (“assistência centrada na pessoa”). Mostra como é importante ir além do cumprimento do trabalho tecnicamente correto e formal. A carência afetiva é igual para todos os seres humanos (principalmente idosos e deficientes), seja no Brasil ou na Alemanha. A experiência a seguir relatada foi feita por minha esposa em BETHEL/Bielefeld. Aquela Instituição mantém Oficinas para ocupar pessoas deficientes. Nas palavras de Neiva: “Trabalhos simples, como separar e empacotar produtos, são realizados ali. Mas também estava na Oficina alguém que não podia fazer absolutamente nada. Andréa, na sua cama, apenas murmurava alguns sons. De vez em quando, o responsável pelo setor ligava uma espécie de vibrador da cama que parecia trazer conforto e prazer para ela. Então toquei levemente na sua mão. Ela se alertou imediatamente e começou a brincar com a minha mão: bateu sua palma na minha, apertou minha mão. Parecia que ela não sabia falar e eu também não podia me comunicar com ela em alemão, então cantei “Happy Birthday” em inglês que pareceu agradá-la. Quando saímos dali, vimos que ela tentava se debruçar na grade da cama como que esperando que alguém continuasse a interagir com ela de alguma forma. Por que Andréa estava ali na oficina? Para não ficar jogada num quarto escuro, talvez. Para ver e sentir a luz do dia, sons, movimento e pessoas se importando com ela!”

Em Casas de Idosos, também percebemos a importância dada ao ambiente. Além dos padrões técnicos rigorosamente seguidos havia flores, quadros nas paredes, enfim, uma decoração bonita para ajudar no bem-estar do idoso. Cantinhos de interesse: como o da leitura – onde um voluntário lia e trocava idéias sobre as notícias do jornal com um grupinho; cozinha, para quem gosta dessa arte; e até objetos antigos para trazer presente a época quando o idoso era jovem. Através dessas experiências pudemos refletir que essas pequenas atenções independem de haver muito dinheiro para construção de prédios com infra-estrutura perfeita, de portas automáticas e modernas salas de terapia! São apenas bons complementos. Nada substitui a atenção, a dedicação, o carinho, o amor!

Pastor Zulmir e Neiva Penno - Juiz de Fora/MG.


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