Prédicas e Meditações



ID: 2931

Por isso nunca ficamos desanimados

2 Coríntios 4.13-5.1

09/06/2018

encorajamento
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‭2 Coríntios‬ ‭4.13 As Escrituras Sagradas dizem: “Eu cri e por isso falei.” Pois assim nós, que temos a mesma fé em Deus, também falamos porque cremos. 14 Pois sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com ele e nos levará, junto com vocês, até a presença dele. 15 Tudo isso aconteceu para o bem de vocês, a fim de que a graça de Deus alcance um número cada vez maior de pessoas, e estas façam mais orações de agradecimento, para a glória de Deus. 16 Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. 17 E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. 18 Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre. 5.1 De fato, nós sabemos que, quando for destruída esta barraca em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, e ela durará para sempre.” ‭ (‭NTLH)‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬

Por isso nunca ficamos desanimados

Introdução

O apóstolo Paulo está defendendo a sua autoridade apostólica diante de uma comunidade cristã que já lhe havia trazido muitos desgostos pessoais. Vemos isso do capítulo 2 ao 7 desta segunda carta aos cristãos da cidade de Corinto. Ofensas e falsas acusações – como a de estar se aproveitando economicamente da fé daquelas pessoas, mercadejando o Evangelho (2.17), ou como que diz uma coisa pela frente e outra por detrás (1.17) – não apenas tiravam o sono do apóstolo; tentavam desclassificar o seu ministério.

Paulo, no entanto, se manteve fiel ao chamado de Jesus (Atos 9) em meio à severa perseguição que a Igreja já sofria em seus primórdios, em parte comandada pelo próprio, ainda chamado de Saulo. A partir de sua conversão, o apóstolo entende que seu chamado agora é outro. “Por isso ele escreve à comunidade afirmando que seu ministério se fundamenta na delegação divina (2.14-4.6), sendo ministério do Espírito Santo que provoca consequências concretas, no presente tempo, de sofrimento, perseguição e tribulação (4.7-5.10) e que identifica seu ministério com as marcas da morte de Cristo.” (Küntzer, PL 42. p. 198)

De onde o apóstolo tira forças para continuar?

A autoridade da fé

A convicção de Paulo de que, em meio aos problemas e perigos da vida, permanece a esperança está baseada em algo concreto? O apóstolo lembrou do Salmo 116.10 ao dizer “Eu cri e por isso falei”. “Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza” (Sl 116.2), mas “o Senhor tem sido generoso para contigo” (116.7). 

Fala a esperança! Nesta semana cientistas expressaram “esperança” ao encontrarem evidências de ter havido vida em Marte. Vida em um planeta remoto é motivo de esperança para a humanidade? A esperança de vida renovada, dentro da nossa forma de perceber as coisas, não está em avanços científicos ou antropológicos, e sim na fé que provem da Palavra. Geração após geração as pessoas cristãs possuem a mesma fé, produzida pela palavra de Deus, que aponta para a graça de Jesus. E esta Palavra, segundo Paulo em sua defesa, deve ser anunciada sem ser adulterada, sem ser manobrada segundo interesses espúrios de pessoas e líderes desmoralizados, devassos e pervertidos como tantos por aí.

O que é exterior, é passageiro! 

No contraponto o apóstolo como que levanta o nosso queixo e nos faz olhar para a frente falando da ressurreição de Jesus. Ergue nosso olhar de forma que passemos a perceber as coisas com os olhos da fé. Mesmo a fraqueza extrema e cabal da morte não é o limite para quem crê. Olhar para o que é interior é perceber o mundo ao redor como “nova criatura” (2 Co 5.17). Como tal, se pode viver as aflições e conflitos como realidades passageiras e leves diante da glória e da graça de Deus.

Erica é uma senhora de quase 90 anos. Conversava com ela sobre nunca desanimar. Lhe perguntei se tudo tinha dado certo em sua vida. Disse: “Não!” Sua maior tristeza é que seus pais não lhe permitiram estudar agronomia. A faculdade ficava em um bairro distante do centro do Rio de Janeiro e isso não era curso para uma mocinha fazer. “O que a senhora estudou, então?” “Nada, fui apenas dona de casa.” A conversa continuou e Erica disse que foi muito feliz assim. Criou quatro filhas sozinha porque o marido morreu cedo. Casou novamente e disse ter sido mais uma vez muito feliz. Ficou viúva pela segunda vez e agora é uma das pessoas mais otimistas no abrigo de idosos onde vive. O primeiro revés da vida a frustrou completamente? Isso a desanimou de viver? Sua fé a ajudou a superar tudo?

Vencendo a aflição do momento

O apóstolo pode até parecer vaidoso – seria essa uma das queixas dos moradores de Corinto? – ao afirmar que nunca desanima. Não teria sido mais sensato e de maior empatia dizer “tudo-bem-tenho-problemas-muitos-problemas-mas-vamos-lá-com-fé-vamos-vencer”? Com viva paixão afirma: “Por isso não ficamos desanimados”.

Apesar das fraquezas do próprio corpo diante de desafios quase intransponíveis, a certeza da ressurreição oportuniza uma força além do que é visível. “O sol tem o seu próprio brilho; a lua, outro brilho; e as estrelas têm um brilho diferente. E mesmo as estrelas têm diferentes tipos de brilho. Pois será assim quando os mortos ressuscitarem. Quando o corpo é sepultado (...) é feio e fraco; mas, quando for ressuscitado, será bonito e forte.” (1Coríntios‬ ‭15.41-43‬ ‭NTLH). 

Com a liberdade sistemática da teologia, acrescento: “Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva. Assim esperamos possuir as ricas bênçãos que Deus guarda para o seu povo. Ele as guarda no céu, onde elas não perdem o valor e não podem se estragar, nem ser destruídas. Essas bênçãos são para vocês que, por meio da fé, são guardados pelo poder de Deus para a salvação que está pronta para ser revelada no fim dos tempos. Alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo. Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado.” (1Pedro‬ ‭1.3-7‬ ‭NTLH)

Conclusão

Em nossa cidade a vida tem sido mais um caminhar com a cruz que um caminho de esperança. As questões externas nos afastam de uma vida com tranquilidade. O que antes era a realidade das comunidades empobrecidas – a violência inconsequente – é agora também fato nas áreas antes seguras, inclusive nas das classes nobres da população. Atônitas, as classes abastadas começam a enxergar a cruel realidade da morte barata que antes não faziam questão de ver. Parece que aquela máxima “quanto pior, melhor” está colocando em dúvida a segurança de todas as comunidades e classes sociais.

Aqui, sobre a minha escrivaninha, tenho três projéteis de revólver que se perderam no pátio da Igreja. Se procurarmos, vamos encontrar mais algumas. São um atestado de que o sofrimento e a insegurança continuarão fazendo parte da nossa vida. E não há mágica que vá mudar isso em pouco tempo; nem eleições que vão resolver o Brasil.

Mas não é por isso que vamos ficar desanimados. De forma antecipada, pela fé, podemos saudar o novo tempo e existir onde a morte será vencida pela vida. A vida vivida na perspectiva da ressurreição, como Paulo preconiza, não é viver uma utopia. É viver como pessoa orientada pela graça de Deus. Ora, vida definida pela ressurreição é viver com confiança e ânimo. É viver hoje antecipando a vitória sobre o que faz morrer de fome, de insegurança, de solidão, de desprezo.

Convido você a assumir junto comigo a tarefa de não desanimar. Vamos falar de Jesus às pessoas – não mercadejando – as enchendo de esperança. Para aumentar essa esperança, vamos falar do que cremos e por que cremos assim. Nossa convicção pessoal tem uma autoridade inimaginável neste momento. “Eu cri e por isso falei”, disse Paulo. Sabemos que nossa convicção é o melhor testemunho de esperança a partir da ressurreição de Cristo. Isto define a nossa vida.

É por isso que não desanimamos, nunca.
Amém!


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Coríntios II / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 18
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 47556

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