Uma nova forma de ver o tempo

24/04/2017

Nós confessamos, como diz no Credo Apostólico, que Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia. É uma contagem que vai da sexta-feira até domingo. Passa pelo sábado que é considerado pelos judeus como o dia de descanso de Deus e por isso também devia ser o dia de descanso para todas as pessoas. Jesus sofreu muito porque quebrou a lógica de que não deveria ser feito nenhum trabalho no sábado.

Os dias da semana em português nos ajudam a dar-nos conta de que o sábado não é mais o dia importante, a importância passou para o domingo. A semana inicia com o domingo e não como em outras culturas com a segunda-feira, que aliás tem nome e não é simplesmente um numeral de feira.

O domingo tornou-se o dia mais importante justamente pela ressurreição de Cristo. Ainda que o estabelecido no Antigo Testamento seja o descanso no sábado (que vem de descanso, interrupção), a igreja desde os primeiros tempos celebra o domingo (que vem de dia do Senhor) como o dia mais importante, como uma pequena Páscoa celebrada a cada semana.

A Páscoa tornou-se a celebração mais importante, que marca um novo tempo para as pessoas cristãs. A Páscoa troca o tempo humano. Já não é mais realizada a contagem de forma cíclica que vai avançando pouco a pouco na história. Com a intervenção divina, a Páscoa traz um salto de qualidade. O acontecimento da ressurreição de Jesus Cristo, troca o tempo como podemos ver. Não somente na troca do nome de um dia, mas também na qualidade daquilo que foi realizado e completado justamente no primeiro domingo quando Jesus ressuscitou de entre os mortos e apareceu as suas discípulas.

Com a ressurreição é inaugurado um novo tempo, onde pode-se ter esperança de um futuro diferente. Com a ressurreição de Cristo rompe-se o ciclo anterior e inaugura-se uma nova era. Um tempo onde a desesperança, a angustia e o medo são deixados de lado. No dia da Páscoa, Jesus faz arder o coração dos discípulos no caminho a Emaús. Uma semana após a Páscoa, os discípulos escondidos são encorajados por Jesus. Duas semanas após a Páscoa, Tomé reconhece Jesus como seu Deus e seu Senhor. E também num domingo, 50 dias após a Páscoa, o Espírito Santo aparece para iniciar a história da Igreja.

Tudo isso não é casualidade, é Deus mostrando que um novo tempo foi inaugurado. É como se Deus tivesse inserido um novo dia na linha da história humana. Um dia em que podemos antever o banquete celestial. Um dia em que podemos admirar as maravilhas de Deus de forma concreta. Mas, o domingo ainda não é um dia perfeito. Ainda falta para que seja o banquete pleno no Reino dos céus. Porém, nós cristãos podemos saborear um pouco daquilo para o qual fomos escolhidos. É como se Jesus tivesse trazido à Terra um novo dia: o oitavo dia. É a inserção do tempo divino no meio humano. Não é somente a continuidade de nossa triste história, não é mais a vitória da morte e do pecado. Com Jesus ganhamos novidade, uma novidade que o calendário não consegue conter, pois vai além da compreensão humana. As pessoas cristãs não olhamos para o calendário como simplesmente um dia que passou em nossas vidas, mas em um dia que estamos mais perto de Deus. Jesus inauguro um novo tempo com sua ressurreição. Um tempo que nos traz esperança num mundo melhor.


Autor(a): P. José Manuel Kowalska Prelicz
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 42040
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Ó Senhor, tu somente és o Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.
2Reis 19.15
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