Jesus vai para o exterior

A cura de um endemoniado em Gerasa

18/06/2016

Prezada Comunidade:

Jesus vivia na Palestina. E certa vez ele disse que tinha vindo somente para os judeus e não para os gentios (Mt 15.24). No entanto, parece que Jesus também fez 4 viagens ao exterior. Isso demonstra o interesse de Jesus também pelos gentios e não somente pelos judeus.


A primeira viagem ao exterior foi para a terra de Gerasa (que ficava a nordeste do Lago da Galiléia). Jesus e seus discípulos foram de barco, e no meio da viagem apareceu uma tormenta terrível, que quase afundou o barco (Mc 4.35-41). O pânico se apoderou dos discípulos. Então Jesus acalmou a tempestade, mostrando a todos que quando Ele está presente, não há razão para temer ou enfrentar o desconhecido.

Ao desembarcar na cidade de Gerasa, a primeira pessoa que encontram foi uma pessoa endemoniada. Tratava-se de um homem violento que morava dentro do cemitério, estava nu, sujo, tinha um cheiro horrível. Tinha também uma força incrível. Vários homens não conseguiam segurá-lo e, certa vez, quando o amarraram com correntes, ele gritou tanto e jogando-se no chão acabou arrebentando as correntes. Isso só podia ser coisa do demônio. As ações dos demônios são sempre destrutivas e violentas, tanto contra a própria pessoa, quanto contra o meio ambiente. E desde o Antigo Testamento os israelitas sabiam que o mundo era, costumeiramente, visitado por anjos e por demônios. Os anjos traziam harmonia, proteção. Os demônios só

traziam tormento físico ou psíquico.
Interessante observar que os demônios e os anjos se reconhecem um ao outro. Quando o homem endemoniado viu a Jesus, ele deu um urro, caiu no chão e disse em voz bem alta:
- Jesus, Filho do Altíssimo! O que o senhor quer de mim? Por favor, não me castigue. (v. 28). Quando Jesus perguntou qual era o nome dele – ele respondeu: Sou uma legião, ou seja, muitos demônios haviam entrado dentro dele. Os demônios se apossam das pessoas. Os árabes ainda hoje ensinam a suas crianças que os demônios entram na pessoa pela boca. Por exemplo, cada vez que bocejamos sem colocar a mão na boca, um demônio aproveita a boca aberta e se mete para dentro de nós.


Os demônios que estão dentro daquele homem pedem a Jesus que não os mate, mas que permita que eles saiam do homem e entrem nos porcos que se alimentavam na encosta do lago. E Jesus assim o permite. Os demônios saíram do homem e entraram nos porcos, mas parece que os porcos não aguentaram tanta maldade dentro deles e se atiraram no Lago e se afogaram.
Vale lembrar que o símbolo da X Legião Romana, que da Siria controlava a Palestina, era um javali. Tinha muita gente em Gerasa que lucrava com a presença militar romana naquela cidade. Por isso, ficaram com medo que aquela situação pudesse ter consequências negativas e, por isso, pediram a Jesus que deixasse a cidade. E Jesus tomando de novo o barco, voltou. O homem de quem tinham saído os demônios pediu que Jesus o levasse com ele, mas Jesus lhe disse: Volta para casa e conta aos teus o que Deus fez por ti. (v. 39).
O texto deixa claro que o poder de Jesus (Deus) é sempre mais forte que os espíritos do mal. A simples aproximação a Jesus já deixou os espíritos maus atormentados. Hoje em dia, tem pessoas que acredita que determinados pastores e determinadas igrejas são especialistas em expulsar demônios. Bobagem. É um engano. Os demônios não têm medo de pessoas, eles só têm medo de Jesus. Por isso, somente Jesus pode livrar as pessoas do mal.
Como luteranos, nós precisamos sempre nos lembrar que não precisamos de intermediários para falar com Jesus. Se algo nos atormenta, podemos nos dirigir diretamente a Jesus – sem intermediários – e ele nos ouvirá.
Mas esse texto quer nos fala de mais uma coisa importante: depois da cura, Jesus enviou o homem de volta para sua casa com uma tarefa: Volta para casa e conta aos teus o que Deus fez por ti. A cura foi importante, mas para que essa cura permaneça é importante o amor da família e da comunidade.


Durante alguns anos fui pastor em Santa Catarina, e lá a nossa igreja tem algumas casas de recuperação de alcoólicos e dependentes químicos. A internação geralmente era o último recurso para a pessoa dependente das drogas e da própria família. Muitas famílias diziam: Nós vimos, durante muito tempo, o que os demônios podem fazer; agora vamos ver o que Jesus é capaz de fazer. A internação era acompanhada por tratamento médico, psiquiátrico e espiritual. Os internos ficavam ali durante meses até poderem voltar para casa e o convívio social.


Infelizmente, para algumas pessoas todo o esforço da recuperação se perdia em poucos dias, porque elas voltavam a beber ou a usar drogas muito facilmente. Outras não. Os coordenadores dessas casas de recuperação diziam que a diferença entre os que recaiam facilmente e os que se mantinham resistentes era a aproximação e a integração em alguma comunidade. Aqueles que voltavam para casa e se integravam em alguma comunidade cristã, esses resistiam mais. Aqueles que não se integravam numa igreja, esses facilmente recaiam nas drogas. Ser integrado numa comunidade, participar ativamente da igreja significava segurança e capacidade de resistência.


Portanto, a mensagem de hoje nos disse que pessoas atormentadas existem em todos os lugares. No tempo de Jesus e também nas nossas comunidades, nas nossas famílias. Jesus nos mostra que devemos nos aproximar delas. Devemos prestar atenção ao seu tormento – a dor de suas famílias.


Devemos ter o cuidado para não sermos explorados por aqueles que dizem ter o poder de expulsar demônios. Os demônios não têm medo de gente. Eles somente se assustam com o próprio Jesus. E Martin Lutero nos ensinou que nor isso, não precisamos de nenhum outro intermediário - para pedir que Jesus nos liberte do mal. Nós mesmos podemos fazer isso - com confiança, pois a simples aproximação de Jesus já espanta o mal.


Mas a mensagem também nos pede que sejamos colaboradores de Jesus, acolhendo uns aos outros. A comunidade cristã é importante no processo de cura das pessoas. É na comunidade que podemos falar daquilo que Deus fez por nós. E quando intercedemos uns pelos outros, quando nos fortalecemos na fé vamos vendo aos poucos que o Reino de Deus existe e já está entre nós.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo permaneçam entre nós. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 39
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 38385
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