A Eucaristia com crianças - um desafio ecumênico

Artigo

02/02/2002

A Eucaristia é a festa de toda a família de Deus, a refeição em que o povo inteiro de Deus reunido naquele lugar vivência sua unidade em Cristo. A partir disso, parece óbvio que as crianças, como parte da comunidade reunida, estariam junto à mesa do Senhor com os demais integrantes dela. Mas, como a experiência das igrejas no movimento ecuménico tem deixado claro, não é necessariamente isso que ocorre.

Existe uma enorme diferença na prática entre as igrejas em relação à questão de se, e quando, elas aceitam a participação de crianças na Eucaristia. As mais jovens que participam na vetusta idade de algumas semanas ou meses são as ortodoxas: um bebezinho, recém-batizado, recebe imediatamente a Eucaristia com uma colher que o sacerdote lhe dá. Algumas igrejas (muitas anglicanas, por exemplo) que praticam o batismo de infantes só dão a Eucaristia depois que a criança foi confirmada (muitas vezes com cerca de 12 ou 13 anos, porém às vezes consideravelmente mais jovem). As luteranas muitas vezes permitem que crianças mais jovens (com 6 a 10 anos, sendo que a mais jovem da qual tenho notícia tinha 2 anos e meio!) participem antes da confirmação, mas só depois que elas foram instruídas sobre o que a Eucaristia é e significa. Os católicos romanos aceitam que crianças que têm em regra 7 ou 8 anos tomem a primeira comunhão, também antes da confirmação.

As igrejas que praticam o batismo de adultos ou crentes tradicionalmente restringem a Eucaristia às pessoas batizadas. Isso significa que, na teoria, as crianças estão excluídas, mas a prática efetiva é muito mais flexível. Um número cada vez maior de famílias e de comunidades estão perguntando: como as crianças podem estar incluídas na comunidade se elas são excluídas do ato comunitário central? Muitas vezes, o pai ou a mãe compartilha seu pão (não com tanta frequência seu vinho, mas se é suco de uva, a criança está com sorte!) com uma criança pequena, quer isso seja permitido, quer não. Respondendo a esse anseio por integralidade dentro da comunidade, mais e mais igrejas estão incluindo crianças não-batizadas na mesa do Senhor.
Onde é que o movimento ecuménico entra em toda essa questão? Ele ensinou às igrejas quão diversificada a igreja pode ser e as tornou conscientes da ampla diversidade existente nessa área. Lembrou as igrejas de que tanto a inclusão quanto a exclusão acarretam problemas: a inclusão pode ocorrer de forma descuidada, sem que a criança se dê conta da seriedade do que está acontecendo; a exclusão pode ser um modelo de divisão e não de integralidade no corpo de Cristo naquele lugar. Ele animou as igrejas a aprenderem umas das outras e a testarem sua própria prática à luz do jeito como as outras fazem. Sobretudo, o movimento ecuménico concentrou a atenção no sentido central da Eucaristia como a refeição que faz do povo de Deus aquilo que ele é, e desafiou todas as igrejas a se certificarem de que, qualquer que seja a idade em que as crianças podem participar da Eucaristia, elas sejam plenamente incluídas dentro da comunidade de fé.

Tom Best é pastor da Igreja Cristã (Discípulos de Cristo) dos Estados Unidos e secretário executivo da Comissão de Fé e Constituição, do
Conselho Mundial de Igrejas, de Genebra.

A Eucaristia é a festa de toda a família de Deus, a refeição em que o povo inteiro de Deus reunido naquele lugar vivência sua unidade em Cristo.
 

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Autor(a): Tom Best
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Crianças na Ceia do Senhor / Ano: 2008
Natureza do Texto: Artigo
ID: 14006
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