Anuário: Sr. Emil Dietz, em 1996 será publicado o ANUÁRIO EVANGÉ-LICO em sua 254 edição. Consta que o senhor foi o pai da ideia. Foi sua a iniciativa de tomar as primeiras providências para que se criasse um almanaque para as comunidades da IECLB em língua portuguesa, a exemplo do tradicional Jahrweiser. O que o levou a isso? Podia falar-nos das motivações e razões?
Dietz: Em primeiro lugar, quero agradecer por se lembrarem de mim para falar alguma coisa sobre o surgimento de nosso Anuário Evangélico nesta edição de jubileu. É um prazer e uma honra.
A firma FACE, de nossa propriedade, estabelecida em Curitiba, tinha assumido para a Editora Sinodal o serviço de colher anúncios para publicar no Jahrweiser . O Sr. Henrique Wunderlich, de saudosa memória, então um membro da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, era o nosso funcionário que viajava em função desse serviço. Da experiência dessas viagens e dos contatos mantidos com firmas e pastores trouxe a pergunta: Por que só um anuário em alemão e não em português também? Mais e mais membros de nossas comunidades, principalmente os mais jovens, já não liam em alemão e preferiam literatura em português. Sentimos aí uma grande lacuna. Chegamos à conclusão que um tal anuário em língua portuguesa, vinculado a nossa Igreja deveria ter como principais objetivos: colocar nas casas de nossos membros boa literatura e tornar conhecida a nossa Igreja em todo país, visando alcançar também as gerações mais novas.
Parecia perfeitamente viável o lançamento do anuário numa tiragem compatível com o número de membros de nossa Igreja e a penetração poderia ir além do âmbito restrito das comunidades. Além das paróquias e pastores pensamos logo nas escolas, principalmente nas evangélicas.
Anuário: Quais foram os principais passos para concretizar a ideia?
Dietz: Com o Sr. Henrique Wunderlich e nosso sócio Christiano Zwiener, elaboramos um tipo de projeto. A FACE assumiria a publicação, financiamento e distribuição da edição de lançamento projetada em 25.000 exemplares. Basicamente os anúncios - de cujo valor 50% seriam canalizados à Editora Sinodal - deveriam financiar todas as despesas. O anuário, portanto, seria oferecido a um preço bem acessível. Delineado o projeto fomos, o Sr. Wunderlich e eu, à presença do Pastor Presidente, Karl Gottschald, em Porto Alegre, para submeter-lhe o projeto e conseguir o apoio da Igreja.
O Pastor Presidente recebeu com muita simpatia a ideia e prometeu empenhar-se para que o projeto se realizasse com o apoio da Igreja. Fez algumas sugestões concretas, por exemplo, que fosse utilizada uma linguagem acessível, popular, que o conteúdo fosse variado, visando não apenas a edificação espiritual, mas também informação e entretenimento para leitores de diferentes idades e ambientes.
Foi dada a autorização para a publicação, firmando-se um convênio pelo período de 5 anos. Tudo isto em estreito contato com a Editora Sinodal que, porém, não desejava envolver-se diretamente na execução do projeto. Estava claro que antes de mais nada era preciso conseguir um diretor responsável, um redator e uma equipe editorial para assumir a parte do conteúdo.
Foi proposto o P. Heinz Ehlert, um dos pastores da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, como diretor e o P. Friedrich Gierus, de Indaial, SC, como redator. O P. Ehlert havia sido recém-eleito como P. 2'2 Vice-Presidente da IECLB. Procurado por nós, logo aceitou a incumbência, pois já havia colaborado com artigos no Jahrweiser e desde a infância era leitor de almanaques desta natureza. Também o P. Gierus aceitou. O P. Ehlert convocou, então, uma reunião de planejamento para o conteúdo. O nome Anuário Evangélico foi escolhido para indicar sua identidade e ao mesmo tempo ser veículo abrangente (não apenas para as comunidades de confissão luterana).
Por sugestão do Rev. Gottschald a impressão foi entregue à Empresa Gráfica Metrópole, de Porto Alegre. Por razões técnicas o anuário não saiu do prelo no prazo previsto, apesar de todo empenho de seu diretor.
Anuário: A receptividade por parte dos pastores, comunidades, escolas e livrarias correspondeu às expectativas da FACE para a colocação de uma edição de 25.000 exemplares?
Dietz: Nós sabíamos desde o início que o lançamento de uma nova publicação dessa natureza exigiria muito trabalho, agressividade e imaginação. Fomos bem sucedidos com a aquisição de anúncios. Na pessoa do Sr. Wunderlich tivemos não só um representante competente, mas principalmente um grande entusiasta da causa que deu tudo de si para colocar o Anuário Evangélico, transportando o produto em uma kombi, oferecendo e entregando-o nas paróquias, escolas (comunitárias e municipais) e livrarias. A ele interessava a missão, não o comércio em primeiro lugar.
A área mais ao sul ficou para mim e a do Paraná para o norte com o Sr. Wunderlich. As escolas ainda foram visitadas no início de 72, fazendo-se um trabalho com os diretores, visando já a edição seguinte.
A receptividade foi, pois, bastante satisfatória.
Anuário: Por que, em determinado momento, a publicação do Anuário Evangélico passou à responsabilidade da Editora Sinodal?
Dietz: Terminou o período do convênio firmado. Por outro lado, a Editora Sinodal demonstrou muito interesse em assumir junto com a publicação do Jahrweiser também a do Anuário.
Anuário: Qual é a sua opinião sobre o futuro do Anuário Evangélico?
Dietz: Continuo vendo com muita simpatia a existência deste almanaque. A partir de sua orientação e conteúdo tem tudo para continuar sendo um ótimo instrumento para levar boa leitura aos nossos lares e divulgar o trabalho e as propostas de nossa Igreja a toda a população.
Para isso será necessário descobrir e contratar uma pessoa com preparo específico na área de marketing, mas que além de profissional competente, veja nisso uma missão da Igreja. Tenho para mim que conquistando anunciantes de peso ( grandes firmas) e tornando o preço por unidade muito acessível, poderia ser distribuída uma tiragem de 50 ou até cem mil exemplares. Ainda sonho com isso e me coloco à disposição para contribuir com a minha experiência na área a idealizar um projeto neste sentido.
Anuário: Sr. Dietz, muito obrigado por esta entrevista.
Entrevista realizada pelo P. Heinz Ehlert, em 23/03/1995
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